Na falta de fiscais, grupos vão atuar contra extração de palmito no Parque das Nascentes (SC)
2006-07-12
Só restam 15% de todo o palmito que havia na região. A situação caótica do Parque das Nascentes, em Blumenau(SC(, saltou aos olhos com mais uma apreensão, no final de semana. As 900 cabeças de palmito encontradas indignaram o presidente do Instituto Nacional do Parque das Nascentes (Ipan), Nelcio Lindner. A reunião convocada por ele, ontem, parece ter surtido efeito. O encontro de entidades com mais de 30 presentes definiu três grupos de trabalho. Essas equipes definirão estratégias e entrarão em ação - na prática.
Vereadores, membros da Prefeitura, policiais militares, civis e ambientais e o ministério público participaram do encontro. A falta de pessoal do parque é o início dos problemas. Apenas quatro fiscais verificam, duas vezes por semana, os 5,3 mil hectares do maior parque municipal do País. "É impossível", resume Lindner, indignado. Ele ressalta que a fiscalização vai aumentar também nos atravessadores, que vendem o palmito para restaurantes, lanchonetes e supermercados. O consumidor também será punido, com mesmo rigor.
Ele sugere mudanças na legislação, que deve ser mais rigorosa com esse tipo de crime. "Já flagramos gente que é autuada e depois liberada até que o processo transcorra. A sociedade está fechando os olhos para o que está havendo", prossegue. O presidente do Ipan ressalta a importância do palmito como elemento de ecossistema. Segundo ele, há centenas de espécies que dependem direta e indiretamente do palmito do parque. "Além dos animais que se alimentam do vegetal, há os animais maiores que comem os minúsculos. É um efeito cascata", destaca Lindner.
Outro problema é a caça que ocorre livremente. "Na sexta-feira passada, flagramos um caçador dentro do parque, mas ele foi liberado", conta. Neste final de semana, até um acampamento dos saqueadores de palmito foi encontrado e destruído.
Pelo tom da reunião, o trabalho deixará de ser esporádico e passa a ter caráter efetivo. "Vamos unir forças com polícias Militar, Civil, Ambiental e entidades ambientais", prossegue Lindner. Segundo ele, só neste ano houve três grandes apreensões. Em fevereiro, um caminhão com 900 cabeças de palmito. Em março, outras 440 cabeças.
(A Notícia, 12/07/2006)
http://portal.an.com.br/2006/jul/12/0ger.jsp