Centro de Biotecnologia da Amazônia incentiva transformação de pesquisa em negócios
2006-07-12
Transformar conhecimento em negócios é um grande desafio para os cientistas que atuam na Amazônia, especialmente na área de biotecnologia. Em palestra ontem (11/7) na oficina Geração de Negócios de Base Tecnológica, o professor de Farmácia e empresário Evandro de Araújo Silva, da Universidade Federal do Amazonas, defendeu que "o caminho para melhorar a qualidade de vida do homem amazônico é agregar valor à biodiversidade".
Com o objetivo de viabilizar o trabalho de pesquisadores-empreendedores, o governo federal criou em 2002 o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), onde se realiza da oficina. O empresário Evandro de Araújo Silva criou há 20 anos a Pró-Natus da Amazônia, que trabalha com cosméticos e medicamentos fitoterápicos. Ele afirmou que sem a parceria do Centro é difícil para as empresas locais o desenvolvimento de novas tecnologias.
"Temos hoje 40 funcionários. No ano passado, faturamos R$ 2 milhões. Neste ano, esse número deve subir para R$ 2,4 milhões", informou, após citar o exemplo do óleo de andiroba: "Um litro custa R$ 7. Fracionado ou tornado hidrossolúvel, o valor será outro”.
O empresário lembrou que "as instituições de pesquisa em geral trabalham de forma pontual, isolada", e que no Centro estão sendo realizados sete projetos de testes da estabilidade de medicamentos (usados para estabelecer o prazo de validade do produto).
"Empresários do Brasil inteiro têm visitado o CBA, em busca de aproveitar os resultados de pesquisas para gerar dinheiro”, contou o coordenador da área de Negócios do Centro, Ewerton Larry Ferreira. “Eles também vêm fazer demandas para desenvolver um produto ou um processo com nosso apoio", acrescentou. E citou como outros exemplos de parceria com o setor privado dois projetos aprovados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
Um dos projetos busca criar corantes naturais e o outro, inventar processos para obter extratos secos de frutas amazônicas. “As empresas são daqui e de São Paulo. Elas entraram com cerca de 20% do valor do projeto”, detalhou. “O direito de propriedade do produto ou processo desenvolvido será do CBA [de fato, registrado em nome da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), porque o CBA ainda não tem Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ)]. As empresas, por sua vez, ganharão o direito de uso exclusivo durante três a cinco anos”.
Sete empreendimentos estão em análise na incubadora de negócios do Centro e um já está em desenvolvimento. “A Pró-Vitro Tecnologia estuda a propagação de mudas amazônicas, como pau-rosa, andiroba e copaíba”, contou Ferreira. “A gente busca apoiar empresas de base tecnológica, mas queremos trabalhar toda a cadeia de produção. Por isso, os grupos comunitários que vivem na floresta também são nossos potenciais beneficiários”.
(Por Thaís Brianezi, Agência Brasil, 11/07/2006)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/07/11/materia.2006-07-11.2529716756