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2006-07-12
Agora só falta formalizar. Até hoje (12/07) o Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep) deve ter em mãos a licença para transpor águas do arroio Pelotas à Barragem Santa Bárbara. A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) apenas aguarda a ata da reunião do Conselho Municipal (Compam) para conceder a autorização. O encontro de segunda-feira (10/07) durou mais de cinco horas e avançou ao início da noite. Houve momentos de tensão, embate técnico-científico, provocações à boca pequena, até que às 19h05min começou a votação: 12 conselheiros foram favoráveis à transposição e sete contra. Cinco integrantes estiveram ausentes.

Ontem, às 14h, ocorreu a primeira reunião da Câmara Técnica temporária que o Compam também decidiu criar para definir condições e restrições que o Sanep terá de respeitar durante a obra emergencial. Tudo por conta das discussões que envolvem o mexilhão dourado e o berbigão e os possíveis prejuízos que trariam a outras espécies, além dos danos ao sistema de fornecimento, devido a entupimentos. O controle ambiental será rigoroso, tanto por parte da Fepam como do Compam, que acompanhará o trabalho.

A autorização terá validade de 180 dias, mas quando chegar à metade do prazo, o Sanep deverá apresentar alternativas técnicas para melhorar a operação do sistema, através de mananciais e reservas hídricas, adiantou o técnico da Fepam, Ailton Silva. Em um dos vários pronunciamentos, ele aproveitou para reforçar: não é o Conselho que decide se a licença será ou não concedida à autarquia, mas a Fundação achou por bem buscar parcerias para construir a autorização em conjunto. “O bom seria que chovesse, mas com o risco iminente de calamidade pública, decidimos liberar a transposição”, complementou.

Bombeamento deve começar até final da semana
Tão logo receba o sinal verde oficialmente, o Sanep deve partir a acertos com a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). A previsão é de que a transposição do arroio Pelotas se inicie até o final da semana, mas os primeiros reflexos só devem ser percebidos na Barragem Santa Bárbara em torno de três dias depois de as bombas serem acionadas, já que parte da água será absorvida pelo solo.

Ainda é cedo para estimar por quanto tempo a estrutura precisaria permanecer ativada. A cada 24 horas os motores conseguiriam mandar o equivalente à recuperação de três centímetros do principal reservatório de Pelotas. Dois, no entanto, equivalem ao consumo dos cerca de 200 mil habitantes abastecidos pela barragem Santa Bárbara. Na prática, só subirá um centímetro por dia.

“Vai depender das chuvas, para podermos desativar a estrutura mais rápido”, explicou o diretor-presidente do Sanep, Hélio Silva. Ontem, por exemplo, o nível atingiu a pior marca de 2006: chegou aos 3,18 metros abaixo do normal.

Críticas e cobrança pela eficiência do serviço
Em meio ao debate sobre os possíveis danos aos usuários e ao meio ambiente e o que deveria falar mais alto agora, todos foram unânimes em um ponto: a autarquia precisa ampliar a qualidade do serviço, consertar vazamentos e barrar o desvio de águas. Acabar com as ligações irregulares. Um estudo aprofundado sobre a bacia do Santa Bárbara também foi cobrado. Os exageros em plena estiagem ainda foram alvo de críticas. É necessário apertar o cerco sobre quem - indiscriminadamente - lava carros e molha jardins, apontaram os conselheiros.
(Diário Popular, 11/07/2006)
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