Para Grã-Bretanha, energia nuclear pode combater o aquecimento global
2006-07-12
A Grã-Bretanha precisa construir novas usinas nucleares, gerar mais eletricidade a partir de ventos e ondas e conter a demanda interna a fim de combater o aquecimento terrestre e evitar problemas no abastecimento, afirmou um porta-voz do primeiro-ministro Tony Blair. O porta-voz também ressaltou a necessidade de reduzir a dependência do país em relação ao gás e ao petróleo no momento em que diminui o fornecimento vindo do mar do Norte.
"Boas intenções não serão suficientes para manter as luzes acesas", afirmou o porta-voz a repórteres, na terça-feira (11/07). "A energia nuclear não é a única resposta, mas as fontes renováveis de energia ou o uso mais eficiente de energia tampouco são as únicas respostas. Precisamos de uma mistura". "Precisamos passar das boas intenções e enfrentar a dura realidade de um mundo no qual a energia se tornou mais cara, no qual este país está deixando de ser um país auto-suficiente para se tornar um país com potencial de ser dependente 90 por cento da importação (de recursos energéticos)", acrescentou.
A energia nuclear responde por 20 por cento da eletricidade consumida na Grã-Bretanha, mas essa cifra deve cair para apenas 6 por cento, já que todas as usinas envelhecidas, com exceção de uma, devem encerrar suas atividades dentro de 20 anos. O porta-voz deu as declarações antes de o ministro britânico do Comércio, Alistair Darling, apresentar ao Parlamento um relatório sobre o setor energético no qual deve expor os planos sobre a estrutura do setor elétrico da Grã-Bretanha para, no mínimo, as próximas duas gerações.
A decisão de construir um novo conjunto de usinas nucleares deve incentivar a indústria global do setor, que começa a se recuperar da explosão, em 1986, do reator atômico de Chernobyl. A energia nuclear, considerada por alguns uma arma na luta contra o aquecimento global porque não emite gases do efeito estufa, e a segurança no fornecimento de combustíveis são assuntos que devem dominar a cúpula do G8 (que reúne os sete países mais industrializados do mundo, mais a Rússia) marcada para acontecer em São Petersburgo neste final de semana.
SUBSÍDIOS NUCLEARES
Darling havia dito à rádio BBC que as fontes renováveis de energia, que respondem por apenas 4 por cento da eletricidade consumida na Grã-Bretanha, deveriam ser mais utilizadas, mas que não seriam suficientes para preencher o vácuo de 30 por cento a ser criado quando as antigas usinas nucleares forem desligadas. "Meu medo é de que, se não fizermos nada, vamos ter mais usinas de força alimentadas por gás, o que não é bom para a atmosfera e não é bom porque tendemos a importar mais", afirmou.
O governo deseja que as empresas de energia utilizem mais os recursos renováveis e invistam em tecnologia como painéis solares e geradores de eletricidade movidos a vento. As autoridades também desejam abreviar o processo de planejamento a fim de evitar atrasos custosos e longos. Mas o governo depara-se com um dilema, já que descartou por várias vezes conceder qualquer subsídio público para novas usinas nucleares em vista dos 70 bilhões de libras que terá de gastar para limpar o dispendioso lixo produzido pelas usinas existentes atualmente.
Empresas do setor, como a British Energy e a EdF, disseram que estariam preparadas para financiar a construção de novas usinas com recursos da iniciativa privada em troca de contratos garantindo o preço de seus produtos. Segundo analistas, esse seria um tipo de subsídio. Ambientalistas reclamam que, ao concentrar-se apenas na eletricidade, o governo ignorou os gastos de energia nos setores industrial e de transporte. A produção de eletricidade responde por apenas 18 por cento do consumo de energia da Grã-Bretanha.
(Reuters, 11/07/2006)
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