Após reunião tensa que durou mais de três horas, os 24 membros do
Conselho Municipal de Proteção Ambiental (Compam) de Pelotas decidiram
ontem não votar a aprovação ou não do projeto de transposição de água do
arroio Pelotas para a barragem Santa Bárbara. A deliberação foi baseada
no fato de que a Fepam não necessitava do aval do conselho para liberar
a operação. Os conselheiros optaram por fazer emendas ao projeto, para
garantir a segurança ambiental pelo risco de entrada de mexilhões
dourados na área da barragem Santa Bárbara.
No final da semana passada, o diretor-técnico da Fepam, Jackson Müller,
confirmou que o órgão havia se manifestado a favor da transposição, mas
que dependia do aval da comunidade, representada pelo Compam, para
conceder a liberação oficial. A partir da recusa dos conselheiros em
votar o projeto, os técnicos do Serviço Autônomo de Saneamento de
Pelotas (Sanep) esperam iniciar a transposição até o final desta semana.
"Não há como não fazer a transposição, porque daqui a pouco vai começar
a faltar água", disse Hélio Costa Silva, diretor-presidente do Sanep.
O
sistema funcionará do mesmo modo que em 2005. A água será captada num
braço do arroio, puxada por uma bomba com vazão de 900 litros/segundo e
largada em um açude onde outra bomba de igual capacidade a levará até o
canal da Barbuda. A partir daí, a água descerá por 11 km de canais
naturais até a barragem. A expectativa é de que, após uma semana, o
nível da barragem - que ontem estava em 3,18m abaixo do normal - comece
a se estabilizar. Na década de 80, quando o expediente foi usado, a
Santa Bárbara chegou a recuperar até 2 centímetros por dia.
(
Correio do
Povo, 11/07/2006)