O projeto de reformulação da área do antigo Estaleiro Só, em Porto Alegre, deverá enfrentar um período de debates, estudos e a oposição de ambientalistas antes de sair do papel. Apresentado formalmente na manhã de sexta-feira (07/07), a proposta arquitetônica inclui a construção de prédios comerciais e residenciais de até 12 pavimentos, hotel, marina e esplanada destinada ao público.
O primeiro desafio para a revitalização do terreno de 62,5 mil metros quadrados - equivalente a um sexto do Parque da Redenção - é alterar uma lei complementar municipal de 2002 que destina a área para atividades culturais, comércio e lazer, mas não para moradia.
- A existência de moradores é fundamental para viabilizar o setor comercial e trazer vitalidade à região - diz o arquiteto Jorge Debiagi, idealizador do projeto urbanístico de R$ 130 milhões, o Pontal do Estaleiro.
Para que isso ocorra, está em andamento uma negociação para que o município encaminhe um projeto à Câmara propondo a alteração. Como se trata de lei complementar, para que seja aprovada será preciso o voto de metade mais um (19) de todos os vereadores - e não apenas daqueles presentes à sessão.
O projeto deverá enfrentar a desconfiança de ambientalistas. A vice-presidente da ONG Núcleo Amigos da Terra Brasil, Kathia Vasconcellos Monteiro, já avisou que é contra a idéia de construir na região prédios de até 12 pavimentos:
- A proposta é absurda. Levantar prédios desse tamanho mexe com o leito do rio. Deveria ser feito um projeto com uma dimensão menor, voltado para cultura e lazer.
O secretário do Meio Ambiente, Beto Moesch, afirma que por lei federal o local é, devido à proximidade com o Guaíba, área de preservação. Porém, pelo fato de já ter sido destinado à atividade industrial, legalmente poderia receber projetos mais arrojados a título de revitalização.
- O que existe é uma idéia inicial, um projeto paisagístico. Faltam ainda estudos mais detalhados de solo, de ecossistema. Isso terá de ser feito - avisa.
Um período de discussões abertas à população terá de ser cumprido antes de a obra ser liberada. A SVB Participações, que arrematou o estaleiro por R$ 7,2 milhões em 2005, estima que serão necessários um ano para a reforma da orla e quatro para a finalização dos edifícios.
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Zero Hora, 08/07/2006)