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2006-07-10
O anúncio da vinda de indústrias de celulose para o Estado e do plantio de florestas de eucaliptos na Metade Sul deixou muitos gaúchos e ambientalistas de cabelo em pé. Vai secar os pampas e prejudicar a fauna e a flora, muitos pensaram. A polêmica cresceu e vem provocando debates acalorados.

Na única faculdade de Engenharia Florestal do Estado, na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), esse é o assunto do momento. Vários pesquisadores estão debruçados sobre o tema. Um deles é o doutor Mauro Valdir Schumacher, do Laboratório de Ecologia Florestal, para quem o plantio de árvores pode ser prejudicial, se for feito sem critérios. Por isso, pesquisa uma forma de investir no florestamento sem afetar o ecossistema do Pampa.

Schumacher coordena um grande projeto de pesquisa, cuja idéia é medir até que ponto se pode plantar florestas na Metade Sul sem causar danos ao ambiente. O trabalho custará R$ 924 mil e vai durar sete anos. Em uma área da Votorantim Celulose - responsável pelo financiamento das pesquisas -, em Candiota, foram colocados equipamentos que monitoram praticamente tudo: a umidade do solo em várias profundidades, quanto chove, qual a incidência de luz.

Assim, será possível saber quanta água consomem as árvores e qual o percentual máximo de ocupação das florestas em cada bacia hidrográfica para evitar que os rios sequem. Além disso, são feitas análises do solo para verificar quais substâncias são retiradas e devolvidas pelas florestas. A intenção é dar resposta e tentar pôr fim à polêmica.

- Numa região onde chove 1,5 mil milímetros por ano e tem determinado solo, veremos qual espécie de árvore pode ser plantada, como isso pode ser feito e qual o número de mudas por hectare para que a floresta não cause danos ao ambiente - diz o coordenador.

Quanto ao medo de que o florestamento possa secar o campo, o pesquisador acrescenta que os ambientalistas estão usando informações imprecisas na hora de criticar o florestamento. Schumacher afirma que, caso o plantio seja feito sem cuidado, o corte das árvores ocorra em quatro anos em vez de sete e ainda não seja respeitada a distância das nascentes e dos rios, o solo e os rios podem realmente secar.

- Mas queremos evitar justamente isso com as pesquisas. Os ambientalistas estão gritando muitas coisas sem conhecimento técnico. Usam um dado da década de 70 de que uma árvore consome cem litros de água por dia, enquanto estudos mais confiáveis demonstram que o consumo varia de 15 a 20 litros - afirma.

O temor dos ecologistas é o de que os produtores não respeitem esses critérios técnicos e plantem florestas além nível suportável pela natureza.

As pesquisas
O que avaliam
O consumo de água nas florestas de eucaliptos, pínus e acácia negra e o impacto ambiental das florestas
Para quem são feitas
Empresas, sindicatos e agricultores
No ramo madeireiro, alguns dos principais clientes são: Votorantim Celulose e Papel (VCP), Aracruz Celulose, Reflorestadores Unidos, Klabin, Sindimadeira e Ageflor (RS)
A ocupação das florestas
Área florestal no planeta: 3,869 bilhões de hectares
Florestas nativas: 3,682 bilhões de hectares (95,17%)
Florestas plantadas: 186,7 milhões de hectares (4,83%)
Área de florestas no Estado: 5,294 milhões de hectares
Florestas nativas: 4,932 milhões de hectares (93,2%)
Florestas plantadas: 361,5 mil hectares (6,8%)
A estimativa é de que a área plantada chegue a 1 milhão de hectares no Estado com a instalação das novas fábricas de celulose
( Zero Hora, 07/07/2006)

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