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2006-07-08
Durante o último encontro do G8, líderes políticos votaram para “agir com urgência” para mitigar as mudanças climáticas. Passado um ano, o aquecimento global foi deixado de lado para satisfazer o apetite mundial por energia. Alguns analistas não se convenceram com a iniciativa climática de Tony Blair (assunto da moda na Inglaterra) durante a sua presidência do G8, e acreditam que a Rússia abandonou o assunto.

“Não acredito que neste ano haverá qualquer ênfase no assunto climático, eu seria surpreendido positivamente se houvesse”, disse o pesquisador do Instituto Oxford para Estudos Energéticos da Inglaterra, Benito Mueller. A Rússia, na presidência do G8 pela primeira vez e sendo anfitriã de um encontro do mesmo no dia 15 de julho, tem sido ambivalente em relação ao aquecimento global, que foi denominado como um “desafio sério e que a longo prazo tem o potencial de afetar todas as partes do planeta”.

A decisão de Moscou de ratificar o Protocolo de Kyoto em 2004 salvou o tratado climático do colapso, o que parecia provável quando os Estados Unidos se retiraram do acordo três anos antes. Mas, mesmo isso tendo sido um alívio para os defensores do Protocolo, a Rússia raramente é celebrada como sua salvadora. O Presidente Vladimir Putin chegou a comentar que um pouco de aquecimento global talvez não fosse tão ruim, já que as pessoas gastariam menos dinheiro em casacos de pele e outras coisas para se aquecer.

Mesmo assim a Rússia apoiou Kyoto, deixando os Estados Unidos, que emite cerca de um quarto das emissões antrópicas mundiais de gases do efeito estufa, como o único país do G8 a não ratificar o Protocolo. A Rússia tomou como tema principal do encontro de julho a segurança energética. A alta do preço do petróleo e polêmicas entre a Rússia e seus consumidores europeus sobre o fornecimento de gás, levaram o assunto ao topo da agenda.

O ministro de Energia, Viktor Khristenko, disse que o encontro será focado na busca por ferramentas para reduzir problemas globais relacionados com a energia - e as mudanças climáticas serão parte deste tópico. Mas um esboço antecipado do encontro se concentra principalmente nos desafios relacionados com o desenvolvimento de estoques de energia em um mercado volátil, e não na mitigação da ameaça do aquecimento global.

“Estamos voltando aos anos de 1970 e 1980, quando só falávamos sobre segurança de fornecimento. Achei que já tínhamos ido além disso”, disse Mueller. O esboço incentiva a eficiência energética e as tecnologias renováveis, mas não o suficiente para satisfazer ambientalistas, que ficaram apavorados ao ver o texto promovendo o desenvolvimento de combustíveis fósseis, incluindo o carvão e o betume, ambos grandes fontes potenciais de dióxido de carbono.

Segundo Jennifer Morgan, chefe de campanhas climáticas da WWF, o encontro do ano passado já tinha sido um pequeno avanço, quando os líderes do G8 (incluindo George W. Bush) declararam conjuntamente que o problema era urgente. Outro receio dos ambientalistas é que o encontro incentive a energia nuclear, sendo que a Rússia está ansiosa para incentivar a exportação de urânio. E, entre os países do G8, somente a Alemanha e a Itália ainda se opõem a tal tecnologia.
(Por Fernanda Muller, Carbono Brasil, 07/07/2006)
http://www.ambientebrasil.com.br/rss/ler.php?id=25596

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