O abastecimento de água de mais da metade dos 342,5 mil habitantes de Pelotas está nas mãos dos 24 membros do Conselho Municipal de Proteção Ambiental (Compam). No próximo dia 14, às 14h, o Conselho vai debater e decidir se aprovará a transposição das águas do arroio Pelotas para a barragem Santa Bárbara. A decisão será acatada pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), responsável por conceder a liberação ambiental da obra, sem a qual a prefeitura nada pode fazer.
O prefeito Adolfo Fetter Júnior (PP) confirmou ontem que, se a polêmica em torno da questão não for resolvida rapidamente, fará a transposição, mesmo sem liberação ambiental. "Se dentro de dez ou 20 dias a questão não for resolvida e tivermos de racionar água, vamos começar a puxar do arroio Pelotas. Entre faltar água e puxar, vamos puxar", avisou.
Ontem, a barragem Santa Bárbara atingiu a marca de 3,15 metros abaixo de seu nível normal. "Entramos no ponto mais crítico", confirmou Hélio Costa da Silva, diretor-presidente do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep).
O diretor-técnico da Fepam, Jackson Müller, disse que o órgão já se manifestou a favor da transposição de água do arroio Pelotas para a barragem Santa Bárbara, mas que depende do aval da comunidade para conceder a liberação oficial. "Só esperamos a discussão no Conselho Municipal", afirmou.
Müller ressaltou que a Fepam deu seu "ok" à manobra depois de fazer uma série de exigências de segurança ao Sanep, com o objetivo de evitar a entrada e proliferação de mexilhões dourados na barragem. O presidente do Compam, capitão da BM Márcio André Facin, disse que a reunião visa a esclarecer os conselheiros de todas as dúvidas sobre o tema, entre elas o laudo da Fundação Zoobotânica do RS sobre os mexilhões dourados. A existência do molusco na barragem é visto como ameaça à transposição, podendo causar pane no sistema de distribuição de água, já que costuma formar gigantescas colônias em tubulações.
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Correio do Povo, 08/07/2006)