Marina Silva cobra da Agricultura plano de contenção da fronteira agrícola
2006-07-07
Não há motivos para que a fronteira agrícola do País seja expandida gerando o desmatamento na Amazônia. A avaliação é da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que cobra do Ministério da Agricultura um plano de desenvolvimento sustentável para o setor.
"Existem 160 mil quilômetros quadrados já convertidos para a agricultura e que hoje estão abandonados na Amazônia. Por isso o Ministério da Agricultura precisa de um plano. Se usarmos esse território de forma semi-intensiva, podemos dobrar nossa capacidade de produção de grãos e de criação de gado sem derrubar uma só árvore", garante Marina, que esteve na quarta-feira (5/7) em Genebra para defender a posição brasileira de limitar a entrada de pneus usados no País.
Segundo Marina, em 2004 o Ministério da Agricultura recebeu a missão da Casa Civil de preparar o plano de utilização das áreas abandonadas. Mas até hoje ele não está pronto. Por ano, são desmatados 18 mil hectares de selva. "Podemos desenvolver a agricultura e a pecuária sem derrubar um pé de mato. A Embrapa tem estudos e o País já tem tecnologia para isso. A conversão de floresta em terra agrícola precisa ser reduzida."
A ministra evita criticar o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, recém-saído do governo, mas espera que o novo chefe da pasta, Guedes Pinto, conclua o projeto até o final do ano. "Temos de trabalhar para barrar essa frente predatória", afirmou. Segundo ela, depois de um aumento do desmatamento de 27% em 2002, o governo conseguiu reduzir a taxa em 31% em 2005. "Espero que neste ano caia de novo", disse, sem arriscar de quanto será a redução e deixando claro que o governo não tem uma meta.
(Por Jamil Chade, O Estado de S. Paulo, 06/07/2006)
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