Projeto do Estaleiro Só divide opiniões na Capital
projeto orla do guaíba
2006-07-07
A proposta de urbanização da área do Estaleiro Só, no bairro Cristal, em
Porto Alegre, divide opiniões. O projeto, denominado Pontal do Estaleiro,
será divulgado oficialmente hoje (07/07) pelos empreendedores que
arremataram a área - a SVB Participações e Empreendimentos. A proposta da
SVB é instalar sete prédios, incluindo cinco residenciais, um comercial e
um hotel internacional, além de uma esplanada pública, totalizando 100
mil metros quadrados de construção.
A polêmica está relacionada à posição geográfica do terreno de 53.649
metros quadrados, localizado na orla do lago Guaíba, na avenida Diário de
Notícias. A presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Meio Ambiente
(Agapan), Edi Fonseca, é contrária a qualquer tipo de construção privada
na beira do lago. "Os governos deveriam priorizar e propor o acesso
público à orla. Isso é privatização, mesmo que se abra uma parte para
acesso da população, no longo prazo significa privatização", opina.
Edi lembra que há um projeto de recuperação do espaço que vai desde a
Usina do Gasômetro até o bairro Belém Novo e que contempla a despoluição
do Guaíba. A prefeitura já iniciou a retirada de bares da margem e a
instalação de parques e praças. "O cidadão e o turista devem ter acesso ao
Guaíba", defende, afirmando que, se houver proposta de mudança na Lei
Complementar nº 470, de 2002, a Agapan vai mobilizar a população contra o
projeto.
O secretário municipal de Meio Ambiente (Smam), Beto Moesch, discorda.
"Como um estaleiro já funcionou no local, que é privado, a área já está
extremamente impactada", justifica. Ele ressalta, porém, que a proposta
ainda precisa ser formalizada e que a Smam fará uma análise do impacto
ecossistêmico, paisagístico e urbanístico da obra. Moesch espera não
encontrar resistência para alterar a lei, já que a construção de prédio
residencial, hoje proibida, pode ter um impacto menor que uma torre
comercial. "Não vamos apenas defender, mas ajudar a acelerar o processo
de aprovação da construção que vai beneficiar a população da Capital",
afirma.
O arquiteto e urbanista Nestor Nadruz, que integra o Conselho do Plano
Diretor do município, ressalta a importância de uma análise viária da
região. "Nada contra o projeto, mas atualmente a avenida (Diário de
Notícias) é o único caminho para a Zona Sul da cidade. É preciso
considerar que a instalação do Cristal Shopping e outros podem impactar a
circulação da cidade", observa.
O vice-presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), Carlos
Alberto Santana, não tem conhecimento dos detalhes do empreendimento, mas
avalia que, embora particular, a utilização da área deve levar em
consideração a extrema importância paisagística e ambiental para Porto
Alegre.
Ao contrário do que informou o Jornal do Comércio, na edição de ontem
(06/07), o Grupo Maggi não tem qualquer relação com o empreendimento que
será desenvolvido na área do antigo Estaleiro Só, nem o empresário Fischel
Báril faz parte do referido grupo.
(Por Karen Viscardi, Jornal do
Comércio, 07/07/2006)
http://jcrs.uol.com.br/noticias.aspx?pCodigoNoticia=1533&pCodigoArea=33