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2006-07-07
A Bolsa de Valores do Rio de Janeiro planeja inaugurar até o fim do ano um sistema eletrônico de leilão de créditos de carbono pela internet. A estimativa é de Guilherme Fagundes, chefe do Departamento de Projetos Especiais da BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros), que controla a Bolsa carioca. Segundo ele, o pregão deve atrair boa parte dos créditos gerados pelos projetos de redução da emissão de poluentes. No ano passado, esse mercado movimentou cerca de US$ 2 bilhões, sendo 20% desse volume proveniente do Brasil.

“Com a implantação do sistema, os créditos devem migrar gradativamente para o ambiente de Bolsa”, prevê Fagundes. Segundo ele, além de permitir a negociação dos créditos já gerados e dos que serão gerados no futuro (mercado a termo), o pregão eletrônico tem a vantagem de ser mais seguro, ter um custo de operação baixo e maior liquidez. “Como é um ambiente regulado, ele tem maior credibilidade e oferece maior segurança ao investidor estrangeiro, que tem papel fundamental nesse mercado”, observa. “Isso pode ser uma vantagem na hora de disputar com projetos da Índia, por exemplo”, completa.

Poderão participar dos leilões eletrônicos empresas e corretoras cadastradas na BM&F. Elas terão de acompanhar o calendário com as datas dos pregões, que serão agendados conforme a oferta de ações. “Ao contrário do que acontece nas Bolsas comuns, um mercado nascente como esse não tem volume suficiente para ter negócio diariamente, por isso os leilões serão marcados”, explica Fagundes.

A implantação do pregão eletrônico é a segunda etapa de um plano que a BM&F iniciou em 2004 para incentivar o mercado de carbono. A primeira foi a criação de um Banco de Projetos, onde geradores e compradores de créditos podem mantêm contato. A idéia é simples: projetos aprovados pelo MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) e investidores se cadastram no site; quando os interesses coincidem, cada um recebe um e-mail com os contatos do outro.

“O sistema faz o casamento entre os perfis demandado e oferecido. Se há um projeto de energia renovável registrado e entra uma empresa interessada em investir em um projeto de energia renovável, o sistema automaticamente liga os dois”, conta Fagundes. “Isso já reduz os custos de transação, porque o mercado de créditos de carbono é muito fragmentado. Os compradores estão principalmente na Europa e no Japão e têm dificuldade de conhecer os projetos daqui”, destaca.

Além das iniciativas validadas pelo MDL, podem se cadastrar no site projetos que estão em fase de análise. Para isso, no entanto, eles precisam ser aprovados pelo Centro Clima, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). “Uma equipe de especialistas na área avalia se o projeto tem condições de ser aprovado”, diz. “É uma espécie de filtro, para que não entre qualquer projeto, mas sim aqueles viáveis”, ressalta.
(Por Alan Infante, PNUD Brasil, 06/07/2006)
http://www.pnud.org.br/meio_ambiente/reportagens/index.php?id01=2111&lay=mam

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