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2006-07-07
O ministro da Defesa alemão, Franz Josef Jung, propôs permitir ao Irã o desenvolvimento de um programa limitado de enriquecimento de urânio, o que deixou evidente rachaduras na fachada de unidade que mostram as grandes potências sobre o conflito. Seis países, entre eles a Alemanha, impuseram ao Irã um prazo (vencido em 29 de junho) para que aceitasse incentivos econômicos em troca da suspensão do programa. Do contrário, apresentariam propostas de sanções ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Jung manifestou sua iniciativa à agência de notícias Reuters no último dia 28, e Bonn não o desmentiu nem se retratou, apesar de os Estados Unidos advertirem que se tratava de uma informação “errônea”.

De todo modo, a Alemanha reiterou desde então seu apoio à proposta apresentada ao Irã pelo grupo que integra junto com os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, conhecido como P5+1. A iniciativa não descarta o possível reinício em um futuro indefinido das atividades de enriquecimento de urânio, mas somente com o aval do Conselho. O episódio deixa em evidência o temor de que muitos na Europa sentem diante da oferta: se as potências não cedem, correm o risco de conseguir o efeito contrário ao que pretendem, isto é, que o Irã enriqueça urânio sem restrições nem controle da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Na entrevista à Reuters, perguntado se deveria-se permitir ao Irã enriquecer urânio sob inspeções da AIEA, Jung respondeu: “penso que sim”. Na mesma entrevista, o ministro afirmou que compreende as reservas dos Estados Unidos a respeito, mas acrescentou: “não se pode proibir o Irã de fazer o que fazem outros países do mundo de acordo com o direito internacional. O ponto-chave é se caminham para o armamentismo nuclear. Isso não deve acontecer”. Para o ministro, o controle da AIEA demonstraria se o programa nuclear iraniano é pacífico, como afirma o governo de Mahmoud Ahmadinejad.

No dia seguinte, o porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Adam Ereli, disse que funcionários alemães informaram aos seus colegas de Washington que a informação era “errônea”. Porém, o porta-voz do governo alemão, Ulrich Wilhelm, nem negou nem desacreditou a posição de Jung ao ser consultado. Então, limitou-se a dizer à Reuters que a Alemanha mantinha seu apoio à propostas do dia 6 de junho feita ao Irã. As expressões de Jung enfrentaram a Alemanha com Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, outros membros do P5+1 determinados a reclamar o fim de todas as atividades de enriquecimento de urânio iraniano.

Por outro lado, também constituem um afastamento da posição escrita e explicitada nos documentos apresentados pelo P5+1 ao Irã no último dia 6. Esta oferta, que não foi divulgada publicamente, parte da base de que a AIEA só poderá inspecionar se o programa nuclear iraniano tiver finalidade exclusivamente civil. Assim, a iniciativa proibiria o Irã de qualquer atividade de enriquecimento até que as seis potências permitissem. Os seis países acertaram, tal como informou o jornal norte-americano The New York Times no dia 8 de junho, que o Irã não reiniciaria seu programa de enriquecimento, a menos que o Conselho de Segurança o avalizasse por unanimidade, mesmo quando a AIEA estampasse seu selo de aprovação.

“O pacote não diz que a moratória terminará se a AIEA der ao Irã um certificado de saúde. Simplesmente significa que, nesse caso, reexamineramos o assunto”, disse um alto funcionário europeu consultado nessa ocasião pelo The New York Times. Isso privaria a AIEA de seu papel em julgar a boa fé do Iraque e daria aos Estados Unidos a faculdade de vetar as atividades de enriquecimento do Irã. O governo de George W. Bush, sabe-se, não tem intenção de permitir o desenvolvimento nuclear do Irã sob nenhuma circunstância. “Os iranianos o vêem como uma armadilha”, acrescentou o funcionário, acrescentando que “gostaria que se discutisse o poder de veto dos Estados Unidos”.

Até às declarações de Jung, os seis países haviam sido cuidadosos em não mostrar discrepâncias antes de obter uma resposta do Irã. Mas fica cada vez mais claro que o regime islâmico não aceitaria a demanda do P5+1. A exortação de Jung no sentido de serem feitas concessões evidencia a grande preocupação alemã de que a posição das seis potências crie um perigoso bloqueio diplomático. Estados Unidos, Grã-Bretanha e França parecem determinados a endurecer em uma eventual resolução do Conselho de Segurança caso Teerã não responda positivamente à proposta até o próximo dia 12, segundo uma fonte diplomática ocidental informou à agência Reuters. Mas tanto China quanto Rússia se colocam publicamente contra sanções ao Irã.

Por sua vez, a Alemanha disse que não descartava sanções econômicas, mas acrescentou que não se comprometia em seguir esse caminho. Se as seis potências não conseguirem um acordo com o Irã nos próximos meses, a república islâmica reiniciará suas atividades de enriquecimento de urânio sem restrições, nem a partir de um compromisso internacional nem por um controle estrito da AIEA, a que esta agência não estaria obrigada pelos convênios vigentes. Funcionários iranianos ofereceram em várias oportunidades, desde março de 2005, negociar um acordo que limitaria a quantidade de centrífugas que o Irã poderia usar para enriquecer urânio e submeter o programa ao controle da AIEA mais rígido possível. Mas Alemanha, França e Grã-Bretanha descartaram oficialmente essa concessão.

Se o Irã se comprometesse por um acordo internacional a manter apenas as 164 centrífugas que usa hoje, necessitaria mais de 13 anos para produzir urânio enriquecido suficiente para fabricar uma arma nuclear, segundo cálculos do próprio Departamento de Estado. Entretanto, Teerã deixou de lado suas concessões anteriores ao informar em abril à AIEA que planejava construir três mil centrífugas na central de Natanz no começo do próximo ano . Os cálculos norte-americanos indicam que, nesse caso o tempo de processamento de urânio necessário para fabricar uma arma nuclear cairia para 271 dias. Funcionários europeus, inclusive da Alemanha, advertiram há muito que os governos inicialmente encarregados de negociar com o Irã (Berlim, Londres e Paris) deveriam ter aceitado a oferta de restrição no momento em que foi formulada.

“No final, teremos de avançar ainda mais e colocar idéias mais criativas sobre a mesa”, disse um funcionário europeu que preferiu manter sua identidade em reserva, entrevistado pelo não-governamental Grupo Internacional de Crise. “Um esquema de enriquecimento supervisionado e estritamente limitado poderia ser uma dessas idéias criativas”, acrescentou. O governo Bush parece, por sua vez,decidido a um enfrentamento com o Irã que exclua qualquer possibilidade de concessão. Mas as declarações de Jung sugerem que haverá nas próximas semanas esforços frenéticos para evitar um desastre diplomático.
(Por Análise de Gareth Porter, Envolverde, 06/07/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=19383

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