O gabinete da deputada portuguesa Jamila Madeira traz ao Algarve um debate sobre a política energética européia. O Algarve registra taxas de crescimento de consumo energético superiores à do restante do Continente. Deste modo, é necessário “relançar o debate, pressionar as entidades oficiais, estimular a iniciativa empresarial e sensibilizar os consumidores para as questões energéticas e especialmente para as energias renováveis”.
Esta é uma das preocupações que Mendonça Pinto, director Regional de Economia, vai apresentar na sexta-feira, durante o debate «Fazer mais com menos: Estratégia Europeia para uma energia sustentável competitiva e segura», que se realiza no Auditório Azul, na Universidade do Algarve.
A explanação do responsável regional da Economia durante o painel «As energias renováveis – o seu papel na estratégia europeia» assenta em cinco pontos essenciais, tais como a situação actual e medidas de política do sector energético nacional, a eficiência energética – as energias renováveis e a produção de energia eléctrica a partir de fontes renováveis – as energias renováveis e o desenvolvimento sustentável, o gás natural e o apoio às empresas.
Com o Protocolo de Quioto e a obrigatoriedade de 39 por cento da energia produzida no País ter de ser renovável até 2010, começa a existir agora uma maior preocupação com a aplicação das energias alternativas. “Ainda há muito para fazer no Algarve em termos de energia eólica, solar e na exploração do biogás”, assegura. Esta região do País vai dispor de parques eólicos em Aljezur (Serra de Espinhaço do Cão), Vila do Bispo, Monchique (Da Madrinha) e Tavira (Serra do Caldeirão), aguardando este último a assinatura de um protocolo com a autarquia tavirense.
“Neste âmbito ganha cada vez mais relevância o recurso às energias renováveis, não só por se tratar de uma produção endógena, mas também por contribuir para a diminuição de emissões de CO2 para a atmosfera, tornando menos poluente o sistema energético nacional”, afirma.
Análise do sector energético
O sector energético em Portugal está confrontado com uma elevada dependência externa e com uma excessiva dependência de combustíveis fósseis, em especial o petróleo. Esta situação ocorre em simultâneo com o aumento do consumo de energia, que regista taxas de crescimento anuais entre cinco a seis por cento, com o crescimento e forte instabilidade do preço dos combustíveis.
A elevada ineficácia energética é a principal causa do elevado consumo energético nacional. Em resultado destes comportamentos, a factura energética tem vindo a “agravar- se”. As importações de energia representam já perto de 4,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) face aos 2,3 por cento apresentados em 1999. “As importações de petróleo bruto a preços correntes mais que duplicaram entre 1999 e 2005”, frisa.
Simulações efectuadas pela Comissão Europeia e pelo Banco de Portugal evidenciam que um aumento de 100 por cento do preço do petróleo determina um efeito acumulado na retracção da actividade económica que se traduz, ao fim do terceiro ano, numa diminuição do PIB de 1,6 por cento na Europa dos 15 e de 2,2 por cento em Portugal.
(Por Petra Sousa Luz,
,Jornal Regional, 06/07/2006)