A Poluição Estrogênica – Artigo
2006-07-07
Justamente quando a Terapia de Reposição Hormonal (TRH) dita clássica vem
passando por um reexame quanto a seus riscos e benefícios, retoma força um
assunto pouco difundido entre médicos e leigos.
Nas últimas décadas, principalmente no pós-guerra, a Indústria Química
vem lançando no mercado um número cada vez maior de substâncias
sintéticas, numa velocidade que torna impossível o estudo correto de suas
conseqüências a médio e longo prazo tanto sobre o ser humano e sua prole,
quanto sobre o meio ambiente. Muitos destes compostos sintéticos não têm
nem antídoto conhecido e muitos são mimetizadores hormonais. Algumas
imitam o estrógeno (hormônio feminino), mas outras interferem em outras
partes do sistema endócrino, como o metabolismo da testosterona e da
tireóide.
Elas espreitam a nós e a nossos filhos nos agrotóxicos, assim como nos
agentes químicos industriais conhecidos como PCBs (usados em
transformadores elétricos e muitos outros produtos) e nas dioxinas
(produzidas durante a fabricação de certos agentes químicos que contêm
cloro, como agrotóxicos ou produtos para conservar madeira, assim como
durante o branqueamento do papel, queima de lixo contendo plásticos e
papel e queima de combustíveis fósseis). Também são liberados da maioria
dos plásticos e estão presentes na maioria os produtos cosméticos,
incluindo shampoo e creme rinse (é o caso dos parabenos).
São adicionados à ração dos frangos, do gado e dos porcos. A maconha
também contém substância estrogênica e tem causado ginecomastia (aumento
das mamas) entre homens.
Apesar de os detergentes não-biodegradáveis não serem intrinsecamente
estrogênicos, certas bactérias encontradas no corpo de animais, no
ambiente ou em instalações de tratamento de esgoto degradam-nos, criando
agentes químicos que imitam os estrogênios.
Tratam-se de substâncias lipossolúveis, a maioria delas persistentes (que
resistem à decomposição), e que, jogadas no meio ambiente, acabam se
concentrando no tecido gorduroso dos animais. E essa concentração é
exponencialmente maior à medida que se sobe a cadeia alimentar (pode ser
25 milhões de vezes maior em um predador do topo da cadeia do que na
água que o cerca). E o homem não é um predador de topo de cadeia? Estes
venenos estão em altas concentrações na gordura e no sangue de seres
humanos e no leite materno. Além disso, ultrapassam a barreira placentária
(venenos hereditários).
Esse mar de poluentes está aumentando a incidência de várias doenças como:
câncer de mama, de útero, de próstata, de testículo; miomas e pólipos
uterinos; tensão pré-menstrual (TPM); obesidade; hipotireoidismo; diabetes
II; depressão, irritabilidade, ansiedade, agressividade; baixa imunidade;
cálculos de vesícula biliar; varizes e hemorróidas; dores de cabeça;
irregularidades menstruais; acne; hipertensão arterial; doenças
auto-imunes, etc.
Mas o mais grave é que a taxa de fertilidade masculina está baixando 2%
ao ano (20% por década), colocando em cheque até a perpetuação da raça
humana neste planeta.
Os governos estão conscientes do problema; os cientistas também. Poucos
médicos brasileiros sabem desta poluição e o povo é mantido no mais
completo desconhecimento, pois as soluções envolvem multinacionais e não
são do interesse dos poderosos.
Pensem nisso e procurem se informar. Recomendo o livro "O
Futuro Roubado" – Theo Colborn – Editora LPM. Depois, tenham coragem para
mudar e tomem alguma atitude. Defendam seus filhos e netos e o futuro da
Humanidade.
Por Dra. Scheyla Ervis Ceroni, médica-ginecologista-Obstetra e Homeopata
em Porto Alegre
(Ecoagência, 05/07/2006)
http://www.ecoagencia.com.br/index.php?option=content&task=view&id=1700&Itemid=2