A crescente demanda por fontes alternativas de energia cria um novo
dilema para a agricultura mundial: produzir para o setor de alimentação
ou para o energético? A questão foi tema de palestra do analista de
mercado Antônio Sartori, ontem (06/07), na Federação das Associações Comerciais e
de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul).
A projeção do especialista, que prefere não arriscar previsões numéricas,
é de que a necessidade de produzir oleaginosas para biodiesel será uma
das responsáveis pela elevação do preço da soja em médio e longo prazo.
- O óleo vegetal vai valer mais, e o farelo, menos. Mas, em geral, teremos
preços da soja em dólar mais altos. No Rio Grande do Sul e no Brasil, as
perspectivas são muito boas. Para aqueles que sobreviverem à crise (atual)
- afirma Sartori.
O Brasil hoje produz 5,65 milhões de toneladas de óleos vegetais, das
quais 3,2 milhões são destinadas a consumo interno, basicamente
alimentação, e o restante, 2,450 milhões, exportadas. Esse excedente
vendido para o Exterior é o potencial brasileiro para fabricação de
biodiesel. Para 2008, com a adição obrigatória de 2% de biodiesel ao
diesel comum, que consumirá 900 mil toneladas de óleo vegetal, ainda há
espaço para atender à demanda. Mas, para 2013, quando a adição de 5% de
biodiesel consumirá 2,7 milhões de toneladas, o Brasil terá de aumentar
sua produção de grãos.
- Vamos ter de parar de exportar para atender ao mercado interno, que
terá de cobrir o preço da exportação - explica Sartori.
(
Zero Hora, 06/07/2006)