A primeira turbina da hidrelétrica Peixe Angical, no rio Tocantins,
começou a operar em fase de testes há cerca de uma semana. A usina, da
Enerpeixe, do grupo Energias do Brasil, terá três turbinas, e quando em
operação plena poderá gerar 452 megwatts.
Na avaliação de Custódio Miguens, vice-presidente da EDB, os testes estão
evoluindo de acordo com o programado o que possibilitará antecipar também
os testes das outras duas turbinas. Com isso, a hidrelétrica poderá
entrar em operação comercial antes da primeira quinzena de outubro
próximo, prazo previsto inicialmente.
Com investimento total de R$ 1,6 bilhão, a hidrelétrica é um
empreendimento conjunto da EDB com a estatal Furnas. Sua potência plena
de 452 MW será suficiente para abastecer uma cidade de 4 milhões de
habitantes. "Peixe Angical é atualmente o principal projeto de expansão
na área de geração da Energias do Brasil", afirma Antonio Martins da Costa,
presidente da EDB. Ele lembra que em conjunto com a PCH São João e a
usina de Mascarenhas, empreendimentos localizados no Espírito Santo, Peixe
contribuirá para duplicar a capacidade de geração do grupo para 1.043 MW
até o final do ano.
A energia a ser gerada da usina já foi contratada pelas distribuidoras da
EDB (Escelsa, Enersul e Bandeirante) e pela Cemat, do grupo Rede. O
contrato de fornecimento foi assinado antes da regulamentação do novo
modelo do setor elétrico, quando ainda era permitida a prática de
self-dealing.
Do investimento total de R$ 1,6 bilhão, R$ 670 milhões foram financiados
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e um
pool de bancos. Dos R$ 930 milhões restantes, a Energias do Brasil
participou com 60% e Furnas com 40%.
Como lembra Martins da Costa, todo o projeto de Peixe Angical foi
desenvolvido de forma a se harmonizar com o meio-ambiente em torno do
lago de 294 quilômetros quadrados criado pelo reservatório. Foram
implementados 30 projetos ambientais e sócio-econômicos. Na área ecológica,
o monitoramento e proteção da fauna e da flora foi complementado com
vários programas de educação ambiental desenvolvidos junto às comunidades
locais.
O vice-presidente de finanças e relação com investidores da EDB, Antônio
José Sellare, afirma que Peixe Angical foi um dos mais importantes
empreendimentos do Grupo. "Essa obra é um marco importante para o setor
energético brasileiro, pois tudo correu como nós prevíamos com o
cronograma cumprido. A obra mudou o perfil da região", disse o executivo.
As iniciativas incluíram a aquisição de terras para realocação dos
moradores em áreas urbanas e rurais; construção de escolas, postos de
saúde, infra-estrutura e obras de saneamento, e aquisição de equipamentos
para hospitais e recomposição de áreas de turismo e lazer.
EDB investirá em PCHs
Localizada entre os municípios de Peixe e São Salvador no estado do
Tocantins, região Norte do País, Peixe Angical teve sua construção
iniciada em abril de 2001 e retomada em 2003, depois de um acordo entre a
Energias do Brasil e Furnas Centrais Elétricas, que passaram a dividir o
capital da Enerpeixe em 60% e 40%. Importante para sua retomada também
foi também o financiamento de R$ 670 milhões pelo BNDES. O empreendimento
pode ser considerado como o primeiro do setor energético com as
características das Parcerias Público-Privadas (PPP).
Após a entrada em operação das outras duas turbinas de Peixe Angical, a
EDB que registrou lucro líquido em 2005 de R$ 4,3 milhões pretende focar
os negócios em Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) na área da Ecelsa e
concluir as obras de Santa Fé. "Para essas obras pretendemos investir
cerca de R$ 150 milhões", revela Antônio José Selari, vice–presidente da
empresa.
(Por Ivonéte Dainese,
Gazeta Mercantil, 06/07/2006)