Que tal transformar vidro, borracha e entulho em tijolos para a construção de casas e blocos de meio-fio para as calçadas? A idéia, ecologicamente correta, foi posta em prática pelo desenhista de projetos, Waldemar Kirschner, em Chapecó, no Oeste do Estado.
O autodidata, que muitas vezes já foi chamado de Professor Pardal ou Cientista Maluco, teve a idéia numa conversa com seu irmão, Valmir, que é presidente da Fundação do Meio Ambiente do município.
Ele disse que um dos problemas ambientais da cidade eram as garrafas de cerveja "long neck", jogadas na rua, principalmente no prolongamento da Avenida Getúlio Vargas. Foi então que Valdemar começou a moer o vidro e misturar com entulho para criar tijolos.
- O vidro nada mais é do que areia - explicou.
Kirschner testou serragem, entulho de construção, sobras de borracha e vidro, todos com sucesso. A durabilidade foi comprovada em testes de laboratório na Universidade Comunitária Regional de Chapecó (Unochapecó). De acordo com Kirschner, o material reciclado é mais resistente do que os produtos usados no mercado.
A matéria-prima é conseguida através de catadores e numa parceria com a empresa Cetric, que faz a moagem do entulho em peneiras de dois e cinco milímetros. Depois o entulho é colocado numa betoneira, com o vidro moído, borracha picada, cimento e água. A massa é colocada em moldes, prensada e posta numa máquina vibratória para que fique firme. Em seguida as unidades são retiradas e postas para secar por uma ou duas semanas.
Nos tijolos, Kirschner fez encaixes para facilitar a construção e reduzir o uso de cimento. A redução da mão-de-obra é de 70%, segundo o cientista prático. O desenhista alugou uma oficina e começou a produção há 60 dias. São 300 tijolos e 70 blocos de meio-fio fabricados por dia. A meta é chegar a mil unidades/dia. Ele está constituindo uma empresa e pretende construir casas populares. A estimativa é reduzir o custo final da obra em até 40%.
- Uma casa de R$ 20 mil vai sair por R$ 12 mil.
O "cientista", que já instalou sistemas de tratamento de resíduos num frigorífico de Xaxim, disse que está realizado.
- Vamos resolver um problema ambiental e construir casas mais baratas.
(Por Darci Debona,
Diário Catarinense , 05/07/2006)