RECICLAGEM AINDA É PEQUENA EM PORTO ALEGRE
2001-10-08
- Comprem este livrinho porque ele pode nos salvar! Se continuarmos assim, vamos acabar cobertos pelo lixo! Quem vê o ambientalista Augusto Carneiro fazer este alerta profético, todos os sábados, na sua banca de livros na Feira Ecológica da Coolméia, na rua José Bonifácio, em Porto Alegre, pode pensar que se trata de um golpe de marketing para vender a Cartilha do Lixo. Mas não é bem assim. Carneiro fala com autoridade de quem mantém seis recipientes diferentes para separar resíduos sólidos em sua casa: papelão, papel, plástico, rejeitos, pilhas e lixo orgânico. Mesmo que o livreto vendido pelo ecologista não seja a salvação da humanidade, não se pode negar que o manejo dos resíduos sólidos é um dos maiores problemas enfrentados nas grandes cidades em todo o mundo. Porto Alegre não foge à regra. Há 11 anos a Prefeitura decretou estado de calamidade pública. Na época o extinto lixão da Zona Norte estava saturado e o da Zona Sul interditado pelos moradores das imediações, que não suportavam mais os transtornos e o mau cheiro. Pressionada pelo iminente colapso, a cidade iniciou a Coleta Seletiva. Desde então, foram recolhidas 92.138 toneladas de lixo seco, conforme o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU). Em junho de 1990, o trabalho foi implantado no bairro Bom Fim, planejando atender, ao longo dos anos, toda cidade. Entre 1991 e 1996 foram criadas oito associações de recicladores - para cada uma foi montado um galpão chamado Unidade de Triagem - que recebem diariamente 60 toneladas de detritos, significando uma economia de dois meses de aterro sanitário por ano. Apesar do progresso, a situação está longe da ideal. No ano passado, a capital do Rio Grande do Sul produziu uma média de 2 mil toneladas de lixo por dia (ton/dia), segundo dados do DMLU. Desse total, apenas 185 toneladas são recicladas: 60 ton/dia recolhidas pelos caminhões da Coleta Seletiva e mais 125 ton/dia recolhidos pelos catadores de rua, que de acordo com pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) realizada em 2001, formam um contingente de 1.100 pessoas, entre papeleiros e carroceiros. O Diretor do DMLU, Darci Campani, revela que a autarquia está desenvolvendo um projeto para integrar esses catadores aos galpões de reciclagem..