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2006-07-06
A compra da Arcelor pela Mittal, criando o maior fabricante mundial de produtos siderúrgicos, deve catalisar um movimento há muito esperado: a consolidação do setor no Brasil. O processo terá a participação do governo. Representantes do BNDES já estão conversando, de maneira ainda informal, com os três principais grupos nacionais - Gerdau, CSN e Usiminas. "Estamos fazendo sondagens, cutucando mesmo, as empresas brasileiras", contou a esta coluna um integrante do governo Lula.

Como bem apontou Gesner Oliveira, em artigo recente publicado na "Folha de S. Paulo", em segmentos produtivos como o siderúrgico, em que o padrão tecnológico é estável, os saltos de produtividade dependem de escala. Os números falam por si. O Brasil é o 8º produtor mundial de aço, mas a sua empresa melhor colocada no ranking internacional é o Grupo Gerdau (14º do mundo, segundo o International Iron and Steel Institute).

Em 2004, o país tinha capacidade para produzir 34 milhões de toneladas por ano de aço bruto. Dados do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) mostram que, nos 12 meses concluídos em maio, produziu 30,2 milhões de toneladas. Esse volume equivale a apenas 26% da capacidade de produção da Arcelor-Mittal.

Rumores do mercado davam conta de que, se não tivesse comprado a Arcelor, a Mittal Steel teria avançado sobre as companhias brasileiras. Há fortes razões para se acreditar nisso. A siderurgia brasileira, como nos ensina um recente e interessante estudo feito por dois economistas do BNDES - Pedro de Almeida Crossetti e Patrícia Dias Fernandes -, viveu um "boom" de investimento entre 1974 e 1983. Isso levou o país a produzir, em 1988, 25 milhões de toneladas por ano, o que significa dizer que, de lá para cá, a capacidade de produção aumentou pouco.

Na primeira metade dos anos 90, as empresas foram privatizadas e iniciou-se um novo período de investimento, dessa vez voltado para a modernização tecnológica, a redução de custos, a melhoria da qualidade, o enobrecimento da produção e a proteção ambiental. O resultado foi positivo, embora a capacidade instalada tenha crescido num ritmo menor. "Atualmente, a siderurgia brasileira é reconhecida pela qualidade dos seus produtos e pela estabilidade de seu fornecimento, encontrando-se no estado-da-arte em termos tecnológicos", atesta o estudo do BNDES.

BNDES iniciou conversas com empresas nacionais
No início da atual década, puxada pelo crescimento monumental da economia chinesa, a produção siderúrgica mundial voltou a expandir de forma acelerada. Os números são impressionantes. A China é hoje quase auto-suficiente na produção de aço. Há dois anos, já respondia por 25% da produção global. Segundo o IBS, enquanto entre 2000 e 2004, a produção mundial de aço avançou 24,64%, a chinesa expandiu 114,96%.

Essa corrida, caracterizada pela expansão da demanda e a concentração dos produtores das principais matérias-primas do setor (minério de ferro, carvão metalúrgico e ferro-ligas), intensificou a competição no mercado global de aço. A forte demanda chinesa por insumos e matérias-primas provocou a elevação dos preços do aço e de seus principais insumos.

Os especialistas identificam, a partir daí, duas tendências, conforme assinalam Crossetti e Fernandes: "a migração das estruturas produtivas básicas de usinas integradas para regiões que oferecem vantagens comparativas" - basicamente, Índia, Brasil e Rússia -; e "a aceleração do processo de consolidação e internacionalização do setor".

Projeção feita pelo IBS para 2010 antecipa o que pode acontecer na produção siderúrgica mundial (ver tabela). Para efeito de comparação, basta ver que, em 2004, o Brasil possuía 11 companhias siderúrgicas, respondendo pela produção de quase 33 milhões de toneladas - uma média, portanto, de 3 milhões de toneladas por empresa.

O Brasil apresenta vantagens comparativas importantes, como o baixo custo e a qualidade do minério de ferro, o avanço tecnológico e a eficiência da logística e infra-estrutura para produção e comercialização. As desvantagens são justamente a falta de escala e a importação de carvão mineral, além do elevado custo de capital, que dificulta a realização de investimentos.

A privatização brasileira, excessivamente focada na valorização dos ativos e menos nos ganhos de eficiência que poderia gerar para a economia, criou estruturas acionárias complexas. A consolidação não será fácil. Além do mais, como as empresas brasileiras gozam de boa saúde financeira, fica difícil ver quem abrirá caminho para o concorrente.

O BNDES, a quem definitivamente não cabe dizer quem será o vencedor, já explicitou que seria interessante se o controle acionário das empresas siderúrgicas permanecesse no Brasil - é bom lembrar que a maior delas, justamente a Arcelor, já é estrangeira e, agora, é parte de um animal colossal. O que não pode acontecer, neste momento, é eivar o debate de preconceitos. A consolidação do setor siderúrgico merece a atenção do Estado brasileiro.
(Por Cristiano Romero, Valor Online, 05/07/2006)
http://www.valoronline.com.br/

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