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2006-07-06
Apostando na expansão acelerada da indústria de biotecnologia, o governo lançou, nesta terça (4/7) um plano estratégico para levar o país a liderar as áreas específicas de saúde humana, industrial e agropecuária até 2020. O governo estima ser possível movimentar até R$ 7 bilhões em investimentos públicos e privados no setor pelos próximos dez anos.

Com foco na inovação e na integração entre pesquisa e produção, o governo busca desenvolver produtos e processos biotecnológicos inovadores, elevar a eficiência produtiva, ampliar a capacidade de inovação das empresas e expandir as exportações. O plano é resultado do Fórum de Competitividade da Biotecnologia do Ministério do Desenvolvimento, instalado em 2004.

A ambição dos planos do governo depende, porém, do desenvolvimento de chamados "pontos-chave" para consolidar a base industrial do país, que compreende desde regras estáveis até políticas de crédito e tributárias.

"As empresas de biotecnologia ainda são pequenas ou médias, boa parte derivada da incubação em universidades", afirmou Antonio Sergio Mello, secretário de Desenvolvimento da Produção. "Para ir adiante, teremos que combinar os benefícios da MP do Bem com a Lei de Inovação, política específica de recursos humanos e a complementaridade dos laboratórios." Os recursos para tirar o plano do papel, segundo o secretário, devem sair dos fundos setoriais, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do BNDES e da própria indústria.

O gerente de recursos genéticos do Ministério do Meio Ambiente, Rubens Nodari, nota também a necessidade de usar a biotecnologia com uma ferramenta para uma visão mais abrangente da ciência. "É preciso investir nas áreas básicas, como fisiologia, genética, matemática. Isso é o que gera tecnologia. Nos anos 30, os EUA foram para a área básica de conhecimento para chegar onde estão hoje", defende Nodari. "Não adianta investir muito em biotecnologia sem gastar em conhecimento básico."

No setor industrial, sobretudo o segmento químico, a estratégia do governo abre portas para apoiar a geração de tecnologias e produtos ou processos de biomassa. Um exemplo é a produção de etanol e biodiesel ou a hidrólise enzimática, com a produção de etanol a partir da celulose.

O incentivo também busca a produção de inoculantes para a fixação de nitrogênio em gramíneas, de etanol a partir de celulose e lignocelulose, a produção de plásticos biodegradáveis, do novo combustível "H-Bio" hidrogenado e a transformação de biomassa em energia elétrica.

O objetivo é suprir a demanda nacional e estimular a exportação. O Ministério do Desenvolvimento criará um programa específico para a produção de enzimas industriais para chegar a 2008 com enzimas para uso em ração animal, biodiesel e no segmento farmacêutico. O governo também mira em projetos industriais inovadores de uso alimentício, cosmético e ambiental.

Na saúde humana, o foco será na substituição das importações de vacinas, hemoderivados, próteses e kits diagnósticos. O governo quer estimular a produção de proteínas recombinantes, novas biomoléculas, fármacos, antifúngicos, antibióticos e anti-tumorais que geram, por exemplo, a insulina, o hormônio de crescimento e a toxina butolínica - a maior parte importada.

No agronegócio, o plano busca introduzir tecnologias de alto valor agregado, como alimentos seguros de baixo custo certificados nas áreas animal e vegetal, além de fortalecer a bioindústria de transformação de subprodutos e incorporar processos como a proteção de genes e de, substâncias naturais bioativas dos recursos genético.
(Por Mauro Zanatta, Valor Online, 05/07/2006)
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