A Cooperativa Cachoeirense de Reciclagem (Coocare) está passando novamente por problemas financeiros. Sem a parceria de empresas e escolas que no ano passado vendiam ou doavam materiais recicláveis, a cooperativa fundada há três anos está lutando para sobreviver.
De acordo com o presidente Werner Henker, outro obstáculo é a queda da cotação do dólar. “Grande parte dos materiais é exportada, e com a queda da moeda no último ano também perdemos grande parte do nosso lucro”, observou Henker.
Todo o material selecionado é vendido para a indústria de papel Incocal, de Porto Alegre. Atualmente a cooperativa arrecada mensalmente cerca de 11 toneladas de lixo. Em 2005 eram vendidas em média 25 toneladas, e pelo menos metade do material era comprado ou recebido em doação de empresas parceiras da Coocare. Além dos baixos valores pagos pela Incocal, os depósitos são feitos somente oito dias após a entrega. Um vez por mês um caminhão fretado vai à capital entregar a carga.
Segundo os associados da cooperativa, a solução é conseguir novamente motivar as empresas da cidade a venderem o lixo reciclável. “Ninguém mais quer vender, pois o preço pago caiu muito. Antigamente, um quilo de papelão valia R$ 0,28, agora o preço máximo de compra chega somente a R$ 0,14”, reclamou uma das catadoras da cooperativa. O material mais valorizado é o alumínio, com valor do quilo custando em média R$ 2,50.
Dívidas
Uma dívida de R$ 19 mil adquirida logo no início da constituição da Coocare toma cerca de 25% dos lucros. “Pagamos mensalmente R$ 500,00 para quitar o débito com a Incocal”, informou Henker.
Hoje, a cooperativa conta com 22 associados e 130 catadores que recolhem material reciclável diariamente em Cachoeira. Pelo menos 20 famílias sobrevivem somente com o dinheiro da venda do lixo à Coocare. Três sócios fazem a seleção do lixo para ser remetido à Incocal. O prédio onde está instalada a Coocare é cedido pelo Governo do Estado.
A Incocal empresta uma prensa para compactação do lixo e, em troca, tem exclusividade na compra de toda a arrecadação mensal dos catadores.
Cachoeira do Sul ainda não se conscientizou da importância da separação do lixo reciclável e orgânico. “Poucas residências separam o lixo”, observa o presidente da Coocare, Werner Henker. Duas vezes por semana um caminhão especialmente para a coleta seletiva oferecido pela Prefeitura percorre algumas ruas da cidade.
As empresas que quiserem ser parceiras da Coocare podem entrar em contato pelo telefone 3724-4556. Doações de qualquer material podem ser feitas junto à sede da cooperativa, instalada no prédio onde funciona o Sopão da Criança. “É só ligar que vamos até a residência buscar o lixo reciclável”, afirma Werner Henker.
(Por Cristina Sausen,
Jornal do Povo, 06/07/2006)