Vários jovens se juntaram, ontem à tarde, para protestar contra o confinamento de pássaros em gaiolas. O manifesto ocorreu em frente à Feira de Canários, realizada anualmente no município de Rio Grande. Com frases como "Ilegal ou não, canário preso é escravidão", os manifestantes alertaram os rio-grandinos sobre o uso de gaiolas e a importância de manter os animais em liberdade.

Uma das manifestantes, inclusive, foi mais enfática: prendeu-se a uma gaiola construída com bambu que foi colocada em frente à entrada da Feira de Canários. Segundo Gustavo Machado, o grupo de amigos resolveu chamar a atenção da comunidade que passava pela esquina das ruas Duque de Caxias e Dr. Nascimento, "pois a sociedade precisa perder esta cultura de manter animais presos usando a desculpa de serem de estimação, privando-os de sua liberdade", explica.

Ele fala ainda que o grupo é contra a prisão de qualquer animal em gaiola e que manter os canários presos é um hobby muito ruim. "Mesmo não sendo ilegal, a cultura de manter os animais em gaiolas preocupa-nos muito. Nós não somos contra a feira particularmente, apenas pegamos esse exemplo prático para que a comunidade entenda melhor o nosso protesto", conclui.

Já um dos membros da Sociedade de Criadores de Canários do Rio Grande (SCCRG), Paulo Estima, organizador do evento, afirmou que as espécies que estão em exposição foram desenvolvidas para a criação em cativeiro e que o homem começou a caçar bem menos os animais nativos depois de criar os pássaros em gaiolas, como animais de companhia e estimação.

"Esses animais que aqui estão não sobreviveriam pouco mais de 5 minutos se fossem livres. Eles não têm preparo nem condições de enfrentar seus predadores naturais. Além disso, pesquisas mostram que a vontade do ser humano de caçar animais nativos diminuiu bastante depois que começaram a ser criados em cativeiro, processo importante também para a reprodução dos animais", explicou. Ele falou ainda que a atividade é legal e que a SCCRG possui um estatuto e um objetivo: preservar o meio ambiente.
(Por Mônica Caldeira, Agora online, 06/07/2006)