A equipe do Centro de Recuperação de Animais Marinhos (Cram) do Museu Oceanográfico da Furg, em Rio Grande, com apoio de voluntários, deu banho ontem em seis pingüins para retirada de óleo de suas plumagens. As aves integram um grupo de 16 pingüins de Magalhães, juvenis e adultos, encontrados cobertos de óleo na beira da praia entre a localidade de Estreito, em São José do Norte, Cassino e Hermenegildo, em Santa Vitória do Palmar, em maio.
Com detergente e água entre 39 e 41 graus, técnicos e voluntários retiraram o petróleo, enxaguaram e colocaram as aves sob uma lâmpada potente para secarem. O banho exige cinco pessoas: uma dupla para lavar, outra para enxaguar e uma pessoa para colocar água. Do grupo, cinco já tomaram o banho de limpeza e cinco estão sendo hidratados, alimentados e submetidos a exames para, assim que estiverem estabilizados, serem lavados.
A ocorrência de pingüins petrolizados preocupa. Conforme o oceanólogo Lauro Barcellos, diretor do museu, o número cresce a cada ano. No inverno, essas aves, que têm colônias na Patagônia e no Sul do Chile, deslocam-se à costa brasileira em busca de alimentação e, no final de agosto, retornam às colônias. Nos deslocamentos, são atingidas por manchas de óleo no oceano Atlântico.
O veterinário Rodolfo Pinho da Silva, do Cram, observa que hoje existem 2 milhões de pingüins no mar, vítimas potenciais das manchas de petróleo. "Em 3 mil km, do Estreito de Magalhães até aqui, existem seis grupos de pessoas atuando na reabilitação de animais atingidos por óleo", diz. Barcellos conta que, em maio, em Cabo Virgens (Argentina), cerca de 250 pingüins da colônia de Magalhães foram contaminados por óleo. Silva esteve lá, a pedido do Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal, coordenando o tratamento dos animais.
Em San Clemente del Tuyu (Argentina), houve mais 220 contaminações. Barcellos diz saber de outras 150 contaminações, no Uruguai, e que 200 animais morreram no litoral gaúcho. Para ele, a Organização Marítima Internacional precisa se manifestar contra essas agressões.
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Correio do Povo, 06/07/2006)