Por Olimpio de Melo Alvares Jr. *
As emissões de gases e material particulado por motores a diesel trazem
incômodos e riscos à população exposta, especialmente em áreas urbanas
com tráfego excessivo de veículos. As finas partículas de carbono com
diâmetros inferiores a 5 milésimos de milímetro, carregam substâncias
cancerígenas às regiões mais profundas do pulmão, causando sérios danos à
saúde. Esses poluentes também causam irritação nos olhos e garganta,
reduzindo a resistência às infecções e provocando doenças crônicas.
A segurança do trânsito também é afetada por essas emissões, prejudicando
a visão dos motoristas, especialmente durante as ultrapassagens. Outro
aspecto que merece destaque é o impacto direto da pluma de poluição sobre
os cidadãos. Pedestres, ciclistas, motoristas e passageiros de outros
veículos são continuamente envolvidos por baforadas de fumaça preta
contendo altas concentrações de material particulado e outras substâncias
tóxicas, sem contar o incômodo dos gases quentes e dos altíssimos níveis
de ruído nas proximidades do orifício de saída dos escapamentos, que,
não raramente, ultrapassam os 100 decibéis.
Além das medidas previstas no Programa de Controle da Poluição do Ar por
Veículos Automotores (Proconve) e da fiscalização da emissão de fumaça
preta nas ruas pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
(Cetesb), do Governo de São Paulo, existem em algumas localidades no
Brasil e em outros países, regulamentações de padronização do
posicionamento do tubo de descarga. Essas diretrizes se aplicam
exclusivamente aos veículos pesados, nos quais o impacto direto, o volume,
a temperatura, a velocidade, a toxicidade e a sujidade dos gases de
escapamento são expressivamente maiores, comparados aos de veículos leves.
Estudos realizados nos EUA mostram que as concentrações de poluentes em
pontos de parada são até oito vezes maiores, quando se utilizam ônibus
com tubo de descarga posicionado na região inferior, em relação ao
escapamento na posição vertical. Além da drástica redução de concentração
de poluentes no nível do solo, pelo simples reposicionamento do tubo de
descarga, constatou-se, também, que os níveis de ruídos são bem inferiores
para os veículos equipados com escapamento vertical.
Visando a padronizar a geometria de saída do tubo de escapamento dos
veículos pesados, a Cetesb, em conjunto com a Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores - Anfavea e a Associação Nacional dos
Fabricantes de Carroçarias para Ônibus - Fabus, elaborou uma proposta de
regulamentação para o posicionamento do tubo de descarga nos ônibus e
caminhões. Essa proposta baseou-se na observação do comportamento da pluma
(forma, dispersão e velocidade) para as diversas configurações possíveis
do sistema de exaustão e um apropriado sistema de pontuação para os
respectivos impactos causados sobre a população e o meio ambiente.
Para que os benefícios esperados com a implementação dessas diretrizes
ambientais se tornem realidade, é necessário que a proposta seja ainda
aprovada por resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama.
Caso logremos êxito nessa proposição, serão em breve estabelecidos, para
todo o País, requisitos obrigatórios para a configuração geométrica do
tubo de descarga para cada categoria de veículo pesado existente na frota.
Uma medida simples com resultados benéficos para o meio ambiente e a saúde
da população.
* Olimpio de Melo Alvares Jr. é engenheiro da Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental - CETESB
(
Gazeta Mercantil, 05/07/2006)