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2006-07-05
Por Olimpio de Melo Alvares Jr. *

As emissões de gases e material particulado por motores a diesel trazem incômodos e riscos à população exposta, especialmente em áreas urbanas com tráfego excessivo de veículos. As finas partículas de carbono com diâmetros inferiores a 5 milésimos de milímetro, carregam substâncias cancerígenas às regiões mais profundas do pulmão, causando sérios danos à saúde. Esses poluentes também causam irritação nos olhos e garganta, reduzindo a resistência às infecções e provocando doenças crônicas.

A segurança do trânsito também é afetada por essas emissões, prejudicando a visão dos motoristas, especialmente durante as ultrapassagens. Outro aspecto que merece destaque é o impacto direto da pluma de poluição sobre os cidadãos. Pedestres, ciclistas, motoristas e passageiros de outros veículos são continuamente envolvidos por baforadas de fumaça preta contendo altas concentrações de material particulado e outras substâncias tóxicas, sem contar o incômodo dos gases quentes e dos altíssimos níveis de ruído nas proximidades do orifício de saída dos escapamentos, que, não raramente, ultrapassam os 100 decibéis.

Além das medidas previstas no Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) e da fiscalização da emissão de fumaça preta nas ruas pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), do Governo de São Paulo, existem em algumas localidades no Brasil e em outros países, regulamentações de padronização do posicionamento do tubo de descarga. Essas diretrizes se aplicam exclusivamente aos veículos pesados, nos quais o impacto direto, o volume, a temperatura, a velocidade, a toxicidade e a sujidade dos gases de escapamento são expressivamente maiores, comparados aos de veículos leves.

Estudos realizados nos EUA mostram que as concentrações de poluentes em pontos de parada são até oito vezes maiores, quando se utilizam ônibus com tubo de descarga posicionado na região inferior, em relação ao escapamento na posição vertical. Além da drástica redução de concentração de poluentes no nível do solo, pelo simples reposicionamento do tubo de descarga, constatou-se, também, que os níveis de ruídos são bem inferiores para os veículos equipados com escapamento vertical.

Visando a padronizar a geometria de saída do tubo de escapamento dos veículos pesados, a Cetesb, em conjunto com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores - Anfavea e a Associação Nacional dos Fabricantes de Carroçarias para Ônibus - Fabus, elaborou uma proposta de regulamentação para o posicionamento do tubo de descarga nos ônibus e caminhões. Essa proposta baseou-se na observação do comportamento da pluma (forma, dispersão e velocidade) para as diversas configurações possíveis do sistema de exaustão e um apropriado sistema de pontuação para os respectivos impactos causados sobre a população e o meio ambiente.

Para que os benefícios esperados com a implementação dessas diretrizes ambientais se tornem realidade, é necessário que a proposta seja ainda aprovada por resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama. Caso logremos êxito nessa proposição, serão em breve estabelecidos, para todo o País, requisitos obrigatórios para a configuração geométrica do tubo de descarga para cada categoria de veículo pesado existente na frota. Uma medida simples com resultados benéficos para o meio ambiente e a saúde da população.
* Olimpio de Melo Alvares Jr. é engenheiro da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental - CETESB ( Gazeta Mercantil, 05/07/2006)

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