Esforços conjuntos buscam viabilizar o desenvolvimento sustentável da
região com o 2º- pior IDH. Começam a aparecer os primeiros resultados dos
protocolos assinados pela Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de
São Paulo, Câmara de Comércio Brasil-Israel e prefeitura da cidade de
Jales para viabilizar o desenvolvimento sustentável da região do estado
com o segundo pior índice de desenvolvimento humano (IDH).
Em debate público, promovido na última segunda-feira pelo Programa de
Especialização e Educação Continuada da Faculdade de Direito GV (GVlaw),
especialistas da área discutiram as ferramentas para implementação desse
novo modelo. Entre os exemplos citados está a Agência Regional de
Desenvolvimento Sustentável Terra do Sol, criada a partir do conhecimento
do governo paulista das experiências realizadas em Israel.
A região de Jales, a noroeste do estado, próxima à nascente do Rio Paraná,
está no foco central das preocupações do governo em razão das suas
dificuldades econômicas e sociais. Com o segundo pior IDH paulista, a
região foi eleita para ser a primeira experiência da aplicação desse novo
modelo no estado.
"Precisamos criar trabalho e renda e esta é uma nova forma de permitir o
desenvolvimento regional", afirmou o coordenador de Desenvolvimento da
Secretaria de Ciência e Tecnologia, Flávio Musa. "Neste modelo são
considerados quatro pilares: os recursos humanos, a logística, a pesquisa
e desenvolvimento e o mercado, para que a agência regional possa
trabalhar conjuntamente os municípios envolvidos no projeto." A agência
tem condições de compreender as particularidades da região e trabalhar
com representantes da sociedade civil, agentes do setor público e outros
parceiros, como a Fundação Getúlio Vargas.
No caso da Terras do Sol estão envolvidos 22 municípios e mais de 8.500
agricultores. "Com o resgate da biodiversidade e a aplicação de novas
tecnologias, é possível viabilizar o desenvolvimento econômico e social
da região, além de restabelecer parte da fauna e flora perdidas", afirma
Adolfo Schmukler, CEO da Terras do Sol e vice-presidente do Instituto de
Sociedades em Desenvolvimento Auto-Sustentável (Isdas).
A experiência inclui o mapeamento das vocações e da infra-estrutura, bem
como a criação dos pólos de desenvolvimento, com centros de conhecimentos
próprios. Assim, há uma divisão em sub-regiões, na qual cada uma terá sua
agroindústria, que irá produzir, por exemplo, biodiesel e biossuco, além
de outros produtos que registram uma demanda crescente. Para dar base a
esse modelo, em parceria com o Sebrae deverá ser criada na região a
primeira Escola de Empreendedorismo Sustentável.
Na avaliação de Marcos Troyjo, presidente internacional da Gazeta
Mercantil, presente ao debate, o preparo de pessoas nesse processo é
fundamental para viabilizar o desenvolvimento de uma produção que insira
o País no comércio mundial de maneira mais efetiva. "Hoje as vendas
brasileiras ao exterior representam pouco mais do que 1% do comércio
mundial."
Outra iniciativa apresentada durante o debate público foi o projeto
Criação de Ambiente Favorável, em desenvolvimento na parte do Estado de
São Paulo onde se registrou o pior IDH: a região de Itapeva, no sudoeste.
Também reunindo o esforço de 21 municípios, autoridades públicas,
representantes da sociedade civil organizada e outros parceiros, como o
Sebrae, estão mapeamento as atividades locais e até dezembro próximo devem
concluir um plano estratégico para o sudoeste paulista, além de validar
uma marca regional para motivar a população local e transformar a imagem
da região.
(Por Renata Pedroso,
Gazeta Mercantil, 05/07/2006)