Começa nos EUA teste de vacina para parar de fumar
2006-07-04
Um mês depois de a Universidade da Califórnia, San Francisco, divulgar um chamado por voluntários, começam os testes da NicVax, uma vacina que tem o objetivo de destruir o prazer de fumar, informa no jornal The New York Times. A vacina funciona estimulando o sistema imunológico a gerar anticorpos que aderem às moléculas de nicotina, liberadas pelo tabaco no sangue.
Esses anticorpos impedem que a nicotina cruze a membrana que separa os vasos sangüíneos do cérebro e, assim, evita que a droga estimule os neurônios. Como é essa estimulação que produz o prazer - e o vício - do cigarro, espera-se que a vacina faça com que o fumo deixe de causar satisfação no fumante que, com isso, abandonaria o tabaco.
Os anticorpos gerados pela vacina permanecem no corpo por até um mês, o que, esperam os cientistas responsáveis pelo produto, tenderá a evitar recaídas. O mercado potencial para a vacina, apenas nos Estados Unidos, é enorme: de acordo com relatório divulgado em 2004 pelo serviço de saúde pública americano, cerca de 70% dos fumantes desejam parar e, a cada ano, pelo menos 15 milhões de fumantes abandonam o vício por pelo menos 24 horas. Mas apenas 5% deles permanecem longe do cigarro por mais do que alguns meses. Em todo o mundo, o total estimado de fumantes é 1,3 bilhão.
O estudo atual testará diversas dosagens da vacina, e seqüências de quatro a cinco injeções. Alguns voluntários receberão placebos, e o teste será duplo-cego, o que significa que nem os responsáveis pela aplicação das injeções, e nem os voluntários, saberão quem está recebendo o quê. Os testes serão feitos em cerca de 300 voluntários, e o critério de sucesso será a taxa de abstinência entre os participantes após seis meses.
A vacina foi criada pelo laboratório Nabi Biopharmaceuticals, e os testes são conduzidos pela Universidade da Califórnia em San Francisco, além de outras instituições. Os resultados deverão ser anunciados em meados de 2007.
(Carlos Orsi, Estadão, 04/07/2006)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/jul/04/154.htm?RSS