Nova máquina americana é capaz de transformar esterco em eletricidade
2006-07-05
De certa forma, esta é a mais moderna fonte de combustível renovável. Variações no clima podem destruir as safras de milho, acalmar os ventos, cobrir o sol – mas faça sol, faça chuva, rajadas de vento ou o silêncio absoluto, vacas, porcos e perus continuam a produzir esterco, uma das fontes naturais mais ricas de gás natural.
E agora, fazendeiros e empresários admitem que este fato imutável pode render um sólido fluxo de lucros também. De forma vagarosa, porém constante, eles estão substituindo as fedorentas lagoas usadas para tratar os dejetos com máquinas capazes de tirar energia dos excrementos.
De acordo com o AgStar, um programa federal que promove a convergência do esterco em energia, não há mais do que 100 digestores anaeróbicos – aparelhos que criam uma atmosfera sem oxigênio na qual as bactérias digerem o estrume e soltam gás – operando nos Estados Unidos hoje, com outros 80 ainda nas pranchetas.
Há diversos motivos para o enfoque sobre o que é chamado de energia marrom. Os preços do petróleo e do gás alçaram vôo, mesmo enquanto ambientalistas advertem sobre a mudança climática. Nos últimos dois anos, diversas agências estaduais e federais subsidiaram a compra de digestores, já que eles capturam um gás nocivo à atmosfera em potencial antes de ele se diluir no ar. Muitos aparelhos operam em Estados que exigem a inclusão de fontes de energia com o conhecimento de ambientalistas em seus portfolios. Eles quase sempre irão aceitar o gás gerado pelo esterco, já que muitas fazendas instalaram o equipamento para isolar o gás dos tóxicos.
Na verdade, mais serviços públicos pensam em comprar o gás. A Pacific Gas and Electric concordou em transportar o gás de um grande digestor que a Microgy, fabricante de digestores, está construindo na Califórnia. A Microgy pretende vender o gás no mercado aberto, mas Robert Howard, vice-presidente da distribuição de gás e do aparelho, disse que a PG&E pode ultrapassar a ação comprando um pouco do gás também.
As vantagens para o meio-ambiente são muitas. De acordo o AgStar, os digestores já evitam que 66 mil toneladas de metano entrem na atmosfera a cada ano, ao passo que criam energia suficiente para mais de 20 mil lares.
O mercado em potencial é enorme. Funcionários do AgStar afirmam que pelo menos 70 mil fábricas de laticínios e fazendas suínas são grandes o suficiente para sustentar um digestor comercial e que poderão coletivamente fornecer energia suficiente a 560 mil lares, enquanto mantêm mais de 1,4 milhão de toneladas de metano fora da atmosfera.
(Por Claudia H. Deutsch, The New York Times, 04/07/2006)
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