O deputado português José Ribeiro e Castro, presidente do CDS-PP, defende que Portugal tem de tomar uma posição clara sobre a energia nuclear. “É difícil ficar a meio caminho nesta questão”, afirmou. Ribeiro e Castro argumentou ainda que Portugal deve definir uma posição clara enquanto membro da União Européia e, como tal, parte integrante da definição de uma estratégia européia para a energia.
O primeiro-ministro, José Sócrates, já afirmou que a opção nuclear não está no programa ou na agenda do Governo. Os partidários do «não», entre os quais Nuno Ribeiro da Silva, Mário Baptista Coelho e Eduardo Oliveira Fernandes, consideraram errada a opção do nuclear para Portugal como forma de resolver os problemas energéticos do país, preferindo apostar nas energias renováveis e na melhoria da eficiência energética.
Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa Portugal e ex-secretário de Estado da Energia, defendeu que o optar pelo nuclear é “uma fuga para a frente para o problema energético” português.
Paradigma nuclear
Ribeiro da Silva defendeu que o paradigma energético atual foi posto em causa e que apesar de não ser fácil a antecipação de um novo modelo, ele deverá passar por múltiplas formas de produção de energia com produção descentralizada. Mário Baptista Coelho, ex-assessor para as questões ambientais dos anteriores presidentes da República Mário Soares e Jorge Sampaio defendeu que “em termos civilizacionais, criar uma fileira nuclear em Portugal não abre o futuro, pelo contrário fecha o futuro”.
Baptista Coelho afirmou que a opção pelo nuclear não cria um novo modelo energético no País, defendendo que este se vai basear na “disseminação energética, onde todos produzem e todos consomem”. O ex-assessor não tem dúvidas de que o ciclo dos combustíveis fósseis está a acabar e que Portugal e os outros países vão ser obrigados a arranjar alternativas. Uma das hipóteses defendidas por Baptista Coelho passa pelo hidrogênio produzido através da energia solar.
Já Eduardo Oliveira Fernandes, ex-secretário de Estado Adjunto do ministro da Economia, Luís Braga da Cruz, aposta também na diversificação das fontes energéticas e na melhoria da eficiência energética. Na próxima segunda-feira prossegue o debate, desta feita com a participação dos partidários do «sim».
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O Primeiro de Janeiro, 04/07/2006)