A Fundação Estadual de Proteção Ambiental do RS (Fepam) obteve das empresas de
celulose um compromisso de preservação maior do que o determinado pelo Termo
de Ajustamento de Conduta (TAC). A confirmação partiu do presidente do órgão
ambiental, Antenor Ferrari.
O
TAC
foi assinado em 12 de maio pela Fepam, Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) e Ministério Público Estadual, possibilitando o plantio de eucalipto para 2006 enquanto o zoneamento para a silvicultura não é concluído.
O documento determina que, para dois hectares plantados, um deveria ser preservado. Porém, a negociação da Fepam com as empresas estabeleceu que, para cada hectare plantado, um deve ser preservado. A proporção, assim, passa a ser de aproximadamente 50% de área plantada para 50% de área preservada. Em alguns casos, 60% deverá ser preservado em função da área ser formada por banhados e locais inadequados para a silvicultura. "Não é uma coisa aritmética, é uma questão que depende de projetos", diz Ferrari. "O ganho ambiental é muito além da legislação porque é fruto da negociação. As
grandes empresas aceitaram porque acham conveniente."
Conforme a legislação vigente, cada propriedade tem que manter 20% de
reserva legal (preservação dos rios, das águas e das florestas existentes no
local), independente do tamanho da propriedade, bem como o cume dos morros,
de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e a margem dos rios (15 metros de
cada margem do rio). Para completar os 50% das exigências ambientais, ficou
acertada a recuperação de áreas degradadas.
A preferência de compensação deve se dar, preferencialmente, nas terras
adquiridas pelos empreendedores para o plantio. Mas o técnico do órgão
ambiental Mauro Gomes Moura explica que, a partir de negociações, é possível
que a compensação aconteça em outros espaços.
A Fepam pode determinar, por exemplo, que seja feito um cinturão verde em alguma cidade ao sul do Estado para conter a desertificação ou recuperar um parque municipal. "A
preferência é sempre na área, mais precisamente na bacia hidrográfica, mas
tudo é feito com base em negociações, dependendo do projeto e da vistoria."
Estima-se que, entre cinco e dez anos, sejam criados e recuperados 700 mil
hectares. Os recursos e a administração serão obrigação dos empreendedores,
enquanto a fiscalização ficará a cargo do Estado, por meio de órgãos como a
própria Fepam, a Brigada Militar e o Departamento de Florestas e Áreas
Protegidas (Defap). Os resultados são aguardados com otimismo pelo
presidente da Fepam, que relembra a inviabilidade de um iniciativas do tipo
com recursos públicos.
"Se nós não tivéssemos projetos dentro dessa ordem, não teríamos como fazer
uma recuperação dessas áreas, não há recursos nem projetos. E é importante
que eles estejam vinculados à necessidade de certificação ambiental, não só
para o plantio como para a exportação da matéria-prima."
Por Patrícia Benvenuti