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2006-07-04
Uma ação integrada de órgãos da prefeitura da Capital quer recuperar praças degradadas, mas esbarra em um empecilho.

Mesmo depois da renovação, realizada por meio de mutirões de limpeza, moradores dos bairros não retornam às praças. Resultado: os locais voltam a se tornar moradias de sem-teto e ponto para consumo de drogas, tornando o esforço inócuo. Para debelar esse problema, a prefeitura está conclamando o engajamento da comunidade.

- Tão ou mais importante que a intervenção, é o uso da comunidade. A freqüência vai expulsar o mau elemento - afirma o titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Smam), Beto Moesch.

Convidar vizinhos e amigos para tomar chimarrão ou auxiliar no zelo pela conservação dos jardins e das quadras esportivas são algumas das iniciativas que podem reforçar o trabalho de recuperação, diz Moesch.

Conservar praças e parques é um antídoto contra a violência nos grandes centros urbanos. A tese é preconizada por duas correntes sociológicas americanas. Uma delas, a Escola de Chicago, defende a criação e a preservação de espaços de lazer como mais eficazes que a repressão para driblar a violência. A outra, chamada de Teorias das Janelas Quebradas, diz que a deterioração de casas e bens públicos favorece as contravenções.

- A teoria diz que uma casa com janelas quebradas é alvo fácil para a ação de vândalos. Isso significa que um ambiente degradado gera uma subjetividade degradada, onde não há respeito por normas de civilidade - afirma o professor do Programa de Pós-graduação em Ciências Criminais da PUCRS, Rodrigo de Azevedo.

Alvo do mutirão da prefeitura, a Praça Garibaldi, no bairro Cidade Baixa, passou por uma renovação há menos de três meses. Teve a grama cortada e o lixo recolhido. Moradores de rua e usuários de drogas foram convidados a ir para o albergue a uma quadra de distância. Mas a conservação durou menos de uma semana.

Na quinta-feira passada (29/06), a praça apresentava sinais de degradação. Ocupando os bancos no centro da praça, cerca de 20 jovens se drogavam. Galhos podres misturados com lixo poluíam os canteiros. Em 30 minutos, ninguém ousou atravessar o local.
( Zero Hora, 04/07/2006)

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