Uma ação integrada de órgãos da prefeitura da Capital quer recuperar
praças degradadas, mas esbarra em um empecilho.
Mesmo depois da renovação, realizada por meio de mutirões de limpeza,
moradores dos bairros não retornam às praças. Resultado: os locais
voltam a se tornar moradias de sem-teto e ponto para consumo de drogas,
tornando o esforço inócuo. Para debelar esse problema, a prefeitura está
conclamando o engajamento da comunidade.
- Tão ou mais importante que a intervenção, é o uso da comunidade. A
freqüência vai expulsar o mau elemento - afirma o titular da Secretaria
Municipal de Meio Ambiente (Smam), Beto Moesch.
Convidar vizinhos e amigos para tomar chimarrão ou auxiliar no zelo pela
conservação dos jardins e das quadras esportivas são algumas das
iniciativas que podem reforçar o trabalho de recuperação, diz Moesch.
Conservar praças e parques é um antídoto contra a violência nos grandes
centros urbanos. A tese é preconizada por duas correntes sociológicas
americanas. Uma delas, a Escola de Chicago, defende a criação e a
preservação de espaços de lazer como mais eficazes que a repressão para
driblar a violência. A outra, chamada de Teorias das Janelas Quebradas,
diz que a deterioração de casas e bens públicos favorece as contravenções.
- A teoria diz que uma casa com janelas quebradas é alvo fácil para a
ação de vândalos. Isso significa que um ambiente degradado gera uma
subjetividade degradada, onde não há respeito por normas de civilidade -
afirma o professor do Programa de Pós-graduação em Ciências Criminais da
PUCRS, Rodrigo de Azevedo.
Alvo do mutirão da prefeitura, a Praça Garibaldi, no bairro Cidade Baixa,
passou por uma renovação há menos de três meses. Teve a grama cortada e o
lixo recolhido. Moradores de rua e usuários de drogas foram convidados a
ir para o albergue a uma quadra de distância. Mas a conservação durou
menos de uma semana.
Na quinta-feira passada (29/06), a praça apresentava sinais de degradação.
Ocupando os bancos no centro da praça, cerca de 20 jovens se drogavam.
Galhos podres misturados com lixo poluíam os canteiros. Em 30 minutos,
ninguém ousou atravessar o local.
(
Zero Hora, 04/07/2006)