Agronegócio da soja deve expandir 27% até 2010, liderando o avanço do agronegócio em todo o mundo
2006-07-04
O plantio da soja deve aumentar mais 27% até 2010, liderando o avanço do agronegócio em todo o mundo. A estimativa foi divulgada durante o Fórum Social de Resistência ao Agronegócio, realizado no último final de semana, em Buenos Aires, Argentina. Segundo a Minga Informativa dos Movimentos Sociais, pesquisadores ligados a organizações camponesas e ambientalistas discutiram o modelo do agronegócio. Este, dominado por multinacionais do setor agrícola e de alimentos, agride cada vez mais o meio ambiente e empobrece as populações da América Latina a favor do lucro das empresas.
Os pesquisadores apontaram que o agronegócio tem um perfil próprio. Baseado em monoculturas para exportação, o sistema ocupa grandes áreas de terras, utilizando tecnologias avançadas de máquinas, adubos químicos, agrotóxicos e sementes transgênicas - mecanismos que ficam sob o controle de poucas empresas multinacionais.
A soja desponta como a principal cadeia produtiva do modelo. Dos 27% de crescimento que a soja terá até 2010, 14% será utilizada na alimentação de animais, principalmente de frangos, e 13% na geração de bionergia, as duas principais demandas dos países no futuro. Estimativas apontam que, nos próximos anos, a demanda por alimentos será 140% maior, o que justificará, para as empresas do agronegócio, a ocupação de mais terras e o aumento no rendimento dos cultivos através da genética.
Especialistas afirmaram que regiões como o Cerrado e a Floresta Amazônica, no Brasil, e a áreas úmidas, na Argentina, devem ser os alvos para a expansão da monocultura da soja no Continente. A projeção é de que, no Brasil, o cultivo chegue a ocupar de 70 a 100 milhões de hectares de terras. Destes, 30 a 40 milhões serão no Cerrado e 7 milhões na Floresta Amazônica.
Junto com o desmatamento, vem o alto emprego de agrotóxicos. No Brasil, maior consumidor de venenos entre os países latino-americanos e terceiro maior no mundo, metade do faturamento líquido de vendas de agrotóxicos (o que gira em torno de 4,5 bilhões de dólares) é voltado para a produto de soja. A maior parte do ganho fica nas mãos da Bayer, Syngenta e Basf, as empresas que mais lucram no setor de venenos. Concentração que se repete no licenciamento das sementes - 91% das sementes de soja plantadas no mundo são de propriedade da Monsanto - e na comercialização e processamento da cadeia produtiva, que é controlada pela Cargill.
As conseqüências do agronegócio acabam sendo as mesmas em diferentes países: concentração de terra e de riquezas, dependência econômica e violação dos direitos humanos.
(Envolverde, 03/07/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=19252