A arte tem diversos segmentos e, em conseqüência disso, pode ser produzida de materiais distintos. Alguns artistas preferem se expressar em telas, com argila, cimento, ou outro material. Porém Itelvino Jahn, de Montenegro, dá caráter decorativo e utilitário a materiais orgânicos, sem perder a naturalidade.
Itelvino utiliza o tronco de árvores tombadas para realizar suas obras. No último domingo, muitas das que caíram em função do temporal, poderão ser aproveitadas pelo artista. "Há casos como na construção da Terceira Perimetral de Porto Alegre, onde não é impossível retirar as plantas com a raiz para replantar. Aí então a prefeitura as cede sem nenhum custo", explica.
As árvores usadas podem ser exóticas e frutíferas. As mais utilizadas por Itelvino são canela doce, eucalipto, sinamomo, plátanos e laranjeira. Delas, ele cria mesas de centro, sofás, poltronas, mesas de apoio e também peças menores, como fruteiras, gamelas e esferas decorativas. O pé de mesa, em que está trabalhando no momento, foi retirado do lixão de Montenegro.
Ele é um autodidata, e sempre gostou de lidar com esse tipo de trabalho, mas há um ano se tornou profissional. Foi vendo forma nas madeiras e começou a desenvolver técnicas. "Quando estive no lixão, não vi no tronco um estorvo ou algo sem serventia, mas sim o esboço de uma bela obra."
Trabalhos são únicos e necessitam de tempo
Itelvino preocupa-se muito com a parte anatômica, para gerar o máximo de conforto. Quando perguntam no que ele se baseia para dar as formas, responde que é pelo método da "bundada". "Eu vou sentando e vendo como fica bom. É claro que não é o mesmo que sentar em almofadas, mas é muito agradável", conta sorrindo.
Ele afirma que muitas pessoas fazem ligação de peças orgânicas somente com galpões. "A tendência hoje é utilizar essas peças em ambientes requintados. Quebra a frieza dos eletrônicos e do plástico. Inclusive em muitas novelas estão aparecendo cada vez mais trabalhos orgânicos."
As ferramentas usadas por Itelvino são as mais simples possíveis. Ele utiliza motoserra, machado e lixadeira. "É preciso usufruir o móvel como mesa, mas enxergar nele um tronco. Não existe outra maneira de fazer isso a não ser manualmente." O tempo que Etelvino leva para finalizar o serviço varia de peça para peça. "Desde o processo de limpeza até os retoques finais, pode levar até três meses." Há dias em que Itelvino não dá conta do serviço e precisa contar com o auxílio de até cinco ajudantes.
Depois de pronto, o artista passa um líquido contra as pragas e um verniz a base de água. Ele não pinta, pois precisa ser fosca, para continuar rústica e natural. O preço também é algo variável. Para estipular o valor, Itelvino se baseia no tempo que leva para finalizar o trabalho, o tamanho da peça e a forma artística. Ele explica que nenhum de seus trabalhos são feitos sob medida. "O cliente pode chegar e pedir 10 cadeiras, por exemplo. Mas nenhuma delas ficará igual a outra. Todos trabalhos são únicos."
No final de maio, na Semana do Meio Ambiente, Itelvino expôs seus trabalhos na área do Pólo Petroquímico. E há apresentações agendadas em mais empresas que trabalham a questão EcoSocial. Já há obras suas em outros estados e até fora do país. Quem estiver interessado em visitá-lo, pode ligar para o telefone 3501-1005.
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Jornal Ibiá, 03/07/2006)