A crescente emissão de poluentes químicos na região do Ártico nos
últimos anos vem ameaçando a vida de diversas espécies típicas do
ecossistema polar, como os ursos polares, as focas, as baleias-beluga e
as aves marinhas, alertaram ambientalistas europeus.
O estudo desenvolvido pelo Fundo Mundial da Vida Selvagem ("WWF" na
sigla em inglês) revela que a emissão de produtos químicos como
pesticidas, compostos fluorinados e retardadores de chamas está
relacionada à diminuição da imunidade e a distúrbios hormonais nos
animais. Em uma coleta realizada no estuário de Saint Lawrence, no
extremo norte do Canadá, os corpos de algumas baleias-beluga que foram
encontradas na região estavam tão contaminados que suas carcaças foram
consideradas restos tóxicos.
No caso dos ursos polares, os elementos químicos estão enfraquecendo o
sistema imunólogico e possivelmente prejudicando o crescimento dos
ossos, sendo que em espécies analisadas no Mar de Barents, foi
constatada uma alteração na produção de hormônios da tiróide. Segundo os
especialistas da WWF, a maior parte dos poluentes encontrados no Ártico
são originários da Europa e da América do Norte, e chegaram até a região
polar principalmente através dos ventos e das correntes marítimas.
A maior parte destes elementos tóxicos está presente em produtos
cotidianos, como tintas, detergentes, veículos e computadores, e
associados às mudanças climáticas, poderão limitar ainda mais a vida nas
áreas polares, inclusive de povos índigenas que habitam a região. Entre
as principais medidas para evitar o colapso deste importante
ecossistema, a WWF destaca a atualização do projeto legislativo europeu
para substâncias químicas ("REACH"), já que o mesmo apresenta diversas
falhas em relação aos produtos químicos mais nocivos.
(
Gazeta do Sul, 30/06/2006)