Floresta perde 25 campos de futebol em Ibirama (SC)
2006-07-03
Entre os morros cobertos de verde, a 800 metros acima do nível do mar, uma sucessão de clareiras revela a ação recente do homem na Floresta Nacional de Ibirama. Uma área de 18 hectares - 180 mil metros quadrados, o equivalente a 25 campos de futebol - foi devastada por tratores, motoserras e esteiras. Sobrou apenas a terra descoberta, que já aguardava o plantio de mudas de pinus - espécie exótica explorada em reflorestamentos. Segundo o Ibama, o desmatamento ocorreu há menos de um mês.
A Floresta de Ibirama é uma unidade de conservação monitorada pelo Ibama. Segundo os técnicos do órgão, a intenção de reflorestar a área fica clara na forma como ocorreu a devastação.
- Fizeram um corte raso, passaram a máquina zero, como costumamos dizer. Aproveitaram o que tinha de boa madeira e o que não aproveitaram jogaram em grotas - descreveu o fiscal do escritório do Ibama em Rio do Sul, Jurandyr da Silva Filho.
A região devastada fica na localidade de Alto Rafael-Cedro, a 25 quilômetros do Centro de Ibirama. Segundo o chefe da Floresta Nacional de Ibirama, Homero Salazar Filho, mesmo que a área não seja classificada como de preservação permanente, a devastação é irregular.
Na quarta-feira, quando os técnicos foram ao local, havia um trator e funcionários ainda limpando o terreno. Foram encontrados aproximadamente 20 metros cúbicos em toras de peroba, pau d´óleo, vassourão, sete cascas, tainheiro e canela-fogo.
A área não era intocada, mas a floresta estava em regeneração avançada. De acordo com o Ibama, os madeireiros abriram estradas secundárias até as clareiras.
Floresta de Ibirama
- Onde fica: a sede fica a 10 quilômetros do Centro de Ibirama
- Formação: a floresta compreende planícies e serras do Alto Vale do Itajaí
- Área: 570,58 hectares
- Criação: 1988
- Características: coberta por mata nativa, possui cachoeiras, pequenas quedas d´água e ricas flora e fauna
Ibama tenta identificar madeireiros
Técnicos do Ibama de Rio do Sul e de Ibirama mediram a área devastada na quarta-feira com equipamentos de GPS. Os trabalhos no local foram embargados e agora o desafio é identificar os responsáveis.
Segundo Homero Salazar Filho, uma empresa madeireira do Alto Vale teria adquirido as terras recentemente. Se ficar confirmada a participação, os proprietários receberão multa estimada em R$ 20 mil e terão de apresentar um projeto de recuperação ambiental.
Por Evandro de Assis, Jornal de Santa Catarina, 02/07/2006.
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