Coleta seletiva aumenta 38% no Brasil
2006-07-03
Pesquisa realizada pelo Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) revela aumento da população atendida pela coleta seletiva, que se dá cada vez mais em parceria com cooperativas de catadores
Foi identificado que atualmente 327 municípios do País contam com coleta seletiva de lixo. Este número representa um avanço de 38% em relação a 2004, quando a abrangência, segundo a última pesquisa da entidade, era de 237 cidades.
“Entre os países emergentes, o Brasil é a nação em que há maior comprometimento do poder público local nas questões ligadas à reciclagem”, destaca o diretor-executivo do Cempre, André Vilhena. “Esse envolvimento tem contribuído decisivamente para o rápido avanço no número de municípios com coleta seletiva.”
A população que conta com esse serviço, em conseqüência, também cresceu. Hoje são 25 milhões de habitantes que têm acesso à coleta seletiva, contra os pouco mais de 5 milhões identificados nos primeiros estudos. Cidades como Curitiba, Porto Alegre, Itabira (MG), São Sebastião (SP), Santos (SP) e Santo André (SP) já conseguiram estender o serviço a 100% de seus munícipes.
Outro dado relevante deflagrado pela pesquisa foi o aumento da quantidade de programas de coleta seletiva desenvolvidos em parceria com cooperativas de catadores. Hoje, 43,5% do total se dá dessa forma. Uma explicação para este quadro é que as prefeituras vêm percebendo que se associar a esse tipo de instituição barateia o processo, tornando-o também mais eficiente. Para Vilhena, esse dado reforça o sucesso que o modelo do Cempre vem obtendo no Brasil e no exterior.
“Desde que fomos fundados, em 1992, temos trabalhado para incentivar um modelo de reciclagem que garanta ganhos ambientais e sociais”, relembra Vilhena. “Com os catadores organizados em cooperativas, conseguimos alavancar a coleta seletiva de materiais ao mesmo tempo em que promovemos a inclusão social, conferindo organização à atividade e garantimos a esses cidadãos alguma rentabilidade.”
Gargalos
Os resultados da pesquisa também demonstraram que ainda há muito o que se fazer. Embora o número de municípios tenha aumentado significativamente, a coleta seletiva ainda se concentra nos estados do Sul e do Sudeste do País. Na visão da entidade empresarial, para ganhar maior espaço no Norte, Nordeste e Centro-Oeste é preciso que se vença alguns entraves, que vão de questões técnicas à conscientização dos habitantes daquelas regiões.
Outro problema a ser superado é o da falta de informação de alguns municípios, que acreditam não terem recursos financeiros para implementarem a coleta seletiva de lixo. De acordo com Vilhena, há sim dinheiro disponível para isso no Executivo, embora muitos ainda não saibam. Para ele, o mais importante, na verdade, é capacitar as cooperativas de catadores.
“Temos trabalhado para eliminar todos esses gargalos, com iniciativas que vão desde ações educacionais com as prefeituras, alertando para a coleta seletiva e sua viabilidade econômica, até o trabalho com catadores que pretendem se organizar em cooperativas e não sabem como”, explica Vilhena. “Além disso, participamos de uma série de eventos de formação, como o seminário que promoveremos em novembro.”
A pesquisa
Bianual, a pesquisa Ciclosoft do Cempre é apontada pelo IBGE como fonte de dados sobre a evolução da coleta seletiva no País. Com cobertura de 100% do território nacional, o levantamento tem como fonte de informação as prefeituras dos 5.563 municípios do Brasil, que normalmente destacam profissionais das Secretarias de Meio Ambiente, de Obras Públicas ou de Coleta de Lixo para responder aos questionamentos.
Sobre o Cempre
O Cempre é uma associação sem fins lucrativos que trabalha para conscientizar a sociedade sobre a importância de reduzir, reutilizar e reciclar lixo por meio de programas de conscientização. A entidade utiliza-se de publicações, pesquisas técnicas, seminários e mantém para consulta pública um rico banco de dados sobre o assunto, em sua sede na capital paulista.
Fundado em 1992, o Cempre vem sendo mantido por contribuições de empresas privadas de diversos setores. Entre elas estão: Alcoa, Aleris Latasa, AmBev, Beiersdorf/Nívea, Carrefour, Coca-Cola, DaimlerChrysler, , Klabin, Kraft Foods Brasil, Natura, Nestlé, , Paraibuna Embalagens, Pepsico do Brasil, Philips, Procter & Gamble, Sadia, Souza Cruz, Suzano Papel e Celulose, Tetra Pak , Unilever Brasil e Wal-Mart.
(Com informações da Assessoria de Imprensa do Cempre)