Mananciais de Florianópolis operam em 50%
2006-07-03
Os mananciais superficiais da Ilha de Santa Catarina estão com apenas 50%
da vazão normal por causa da prolongada estiagem, embora o abastecimento
não esteja comprometido devido ao reforço de água do sistema
Cubatão/Pilões. A informação é do chefe regional da Companhia Catarinense
de Águas e Saneamento (Casan) em Florianópolis, Carlos Alberto Coutinho,
responsável pela preservação dos locais de captação em Florianópolis.
Desde que a cidade passou a contar com o abastecimento público de água, em
1910, mananciais como os do córregos Ana dAvila e Lagoa da Conceições têm
garantido o fornecimento, reforçado em 1922 com a represa do Rio Tavares.
"Desde aqueles tempos, a vazão tem sido constante, embora diminua nos
períodos de estiagem", assinalou Coutinho. Por esse motivo, a Casan não
cogita o abandono dessas áreas, pois elas continuam sendo importantes para
o sistema.
"A represa do morro do Quilombo, por exemplo, que fica acima da cota 100,
garante o abastecimento por gravidade das partes médias e altas do bairro
do Itacorubi", salientou o chefe da Casan na Capital. Sem esses mananciais
em pontos elevados, a empresa teria que instalar bombas para fazer a água
chegar em residências localizadas nas encostas do morros, ampliando os
gastos com equipamentos e energia elétrica.
A estiagem não afeta a região Norte da Ilha devido à existência de um
manancial subterrâneo, cuja água é captada por meio de 22 poços artesianos
no Sítio de Capivari (Ingleses) e Rio Vermelho. Depois de passar por uma
estação de tratamento, a água é enviada para os reservatórios em Ingleses,
Canasvieiras, Jurerê e Daniela, chegando então às residências.
No inverno, a vazão média é de 111 litros por segundo, atendendo cerca de
64 mil habitantes, passando para uma média de 300 litros por segundo para
atender aproximadamente 130 mil consumidores no verão. As regiões Sul e
Leste da Ilha são abastecidas com a água da Lagoa do Peri - os distritos
da Barra da Lagoa, Lagoa da Conceição, Campeche, Morro das Pedras, Armação
e Ribeirão da Ilha.
A captação na Lagoa do Peri é feita por uma barragem de elevação com um
canal adutor até a estação de recalque de água bruta, bombeada depois para
a estação de tratamento, com uma vazão média de captação de 200 litros
por segundo. A produção da estação varia de acordo com a demanda. No
inverno a média é de 178 litros por segundo (102 mil consumidores) e, no
verão, ela chega a 197 litros por segundo, atendendo aproximadamente 113
mil habitantes.
Casan mantém serviço pela qualidade da água
Das 74,5 mil ligações de água existentes em Florianópolis, apenas 1,3 mil
recebem água exclusivamente dos mananciais superficiais da Ilha, o que dá
um percentual de 1,7% de atendimento. Vale à pena manter essas estruturas
de captação? Para a Casan, sim. "Se tem água e ela é de boa qualidade, não
há porque deixar de usar esses mananciais", destacou o chefe da gerência
da empresa na Capital, Carlos Alberto Coutinho.
A água de todos esses mananciais é de boa qualidade, segundo Coutinho. E,
apesar das estiagens freqüentes, as fontes nunca secaram totalmente, como
pôde ser comprovado ontem de manhã no Monte Verde, onde a vazão é mínima,
mas suficiente para manter cheios os dois reservatórios no local. "Algumas
pessoas daqui captam água acima do reservatório da Casan e por isso não
deixamos que ninguém faça nada para esses lados", disse um morador vizinho
do local de captação.
Meio ambiente
"Para a Casan, a manutenção desses mananciais só é estratégica pela
preservação do meio ambiente", disse o consultor de gestão ambiental da
Casan, Cláudio Floriani. "O percentual de contribuição dessas fontes para
o abastecimento geral da cidade é mínimo, mas se as fontes forem
abandonadas, a degradação vai ser acelerada. Nossa contribuição é no
sentido de garantir essa preservação", acrescentou.
A integridade dos mananciais é mantida por convênio entre a Casan, a
Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram) e a Polícia de Proteção
Ambiental. Eles realizam vistorias periódicas para verificar as condições
dos mananciais, providenciando a remoção de edificações que possam
ameaçar a qualidade da água. "Nosso problema mais sério é no morro do
Quilombo, no Itacorubi", salientou Floriani.
Além do portão da unidade de tratamento ter sido furtado várias vezes,
foi aberta uma picada pelo interior do terreno da Casan, visando o acesso
a uma residência. "Encaminhamos expediente à Polícia Ambiental, endossado
pelo presidente da empresa, Walmor de Luca, pedindo que sejam tomadas
providências", complementou. A Floram, por outro lado, tem realizado
operações contra edificações nas margens desses rios.
(Por Celso
Martins, A Notícia, 30/06/2006)
http://portal.an.com.br/ancapital/2006/jun/30/1ger.jsp