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2006-06-30
Alegre e saudável, Tutuio não parece ser aquele cãozinho de um mês atrás, quando não conseguia se locomover. Vítima de atropelamento, não recebeu atendimento imediato e ficou com seqüelas permanentes. Não irá andar como os demais 12 cães que moram na mesma casa, onde recebe o carinho e o tratamento necessário para a recuperação.

Os primeiros movimentos lembravam os de um réptil. Tutuio se arrastava, da mesma forma que a busca de uma solução para um problema que aumenta a cada dia: o dos animais abandonados. O cãozinho branco, com manchas marrons, sabe bem o que é ser abandonado e a importância de um carinho. Mas também sabe retribuir. Com movimentos desajeitados pela fratura na coluna, ele saúda a família que, por duas vezes, o acolheu.

Pode não parecer, mas Tutuio é um cão de sorte. Talvez seu antigo dono não fosse totalmente indiferente ao animal, pois não o abandonou em qualquer lugar. Ele foi deixado em frente à casa da sócia-fundadora da Associação Montenegrina dos Guardiões dos Animais (Amoga).

A estudante de Biologia Maura Kimura recorda o dia com detalhes. Seu pai saía pela manhã e encontrou o cãozinho. Tinha cerca de quatro meses, estava magro e com bichos-de-pé. Carinho, alimentação e tratamento adequado foi a receita para salvá-lo. Mais gordo e bonito, chegou a ser adotado por uma jovem, mas foi atropelado e não recebeu a atenção de que precisava para a recuperação.

Ao saber do acidente, Maura e a mãe foram visitá-lo. O cachorro estava amarrado, embaixo de um velho sofá, no quintal da casa. Triste e machucado, não conseguia andar. Elas o pegaram de volta e providenciaram o tratamento. Mesmo com as seqüelas, o cão voltou a ser feliz. Tutuio já não se movimenta como um réptil, mas o problema vivido por cães e gatos de ruas continua se arrastando indefinidamente. Em um mês de tratamento, ele se recuperou.

A mobilização da comunidade para que haja uma solução para os animais abandonados possui mais de um ano, sem sucesso. O mal continua, sem medicamento para atenuar a dor e, muito menos, para a cura.

Há mais de um ano, a Amoga apresentou à Prefeitura um projeto de esterilização de animais de rua. Propôs parceria para reduzir o investimento de dinheiro público. O orçamento para seis meses é de R$ 32.440,34, dos quais R$ 24.808.84 seriam repassados pela Administração Municipal. Houve algumas reuniões, de integrantes da Amoga com o prefeito Percival de Oliveira, mas nada de concreto ocorreu.

Enquanto isso, o problema cresce e as conseqüências também. Animais vivendo em condições inadequadas representam risco à população, pela possibilidade de transmitirem doenças a seres humanos e bichos de estimação.

Recolhimento ou esterilização?

Há conflitos de idéias entre os integrantes da Amoga e o chefe da Vigilância Sanitária do município, Eron Zirbes. Enquanto os defensores dos animais cobram uma medida para resolver o problema, ele entende não ser competência da Administração Municipal apresentar uma solução. "Em um primeiro momento, não é responsabilidade da Prefeitura, enquanto não houver lei que determine isso", argumenta Zirbes.

Outra diferença na forma de ver a situação é quanto às alternativas. Para Eron, o investimento no projeto apresentado pela Amoga é inviável, pois considera uma ação apenas paliativa. A vice-presidente da Associação, veterinária Juliana Senger, no entanto, rebate e mostra números para confirmar a eficácia da proposta. Em cerca de um ano e quatro meses, a ONG esterilizou 150 animais de rua. Nos cálculos da técnica, a medida impediu o nascimento de 1.800 filhotes no período.

Eron é contrário à idéia de tornar os animais estéreis, mas deixá-los na rua. Alega que o risco de proliferação de doenças continuaria. Com base em estimativas, Juliana argumenta que impedir a procriação acabaria com cães e gatos de rua em cerca de dez anos. Para a veterinária, o recolhimento estimularia o abandono, pois as pessoas saberiam que haveria alguém para cuidar dos animais.

A veterinária defende a existência de um espaço adequado para tratamento de animais doentes, esterilização e eutanásia para aqueles com males incuráveis. Lembra ainda que nem todos os animais que fossem recolhidos seriam adotados. Aqueles que sobrassem teriam futuro incerto.

Administração não tem projeto nem cronograma

A Prefeitura recebe R$ 9.000,00 por mês do Governo do Estado para usar em ações epidemiológicas, totalizando R$ 108.000,00 no ano O recurso tem sido usado para manutenção do programa de combate à Dengue e compra de inseticida para detetização de prédios públicos. Para este ano, Eron Zirbes afirma que houve um pacto com o Executivo Estadual prevendo o uso de parte da verba para compra de um terreno, onde deverá ser construído um Centro de Controle de Zoonoses.

Do montante, estão reservados R$ 20.000,00 para compra do imóvel. O valor, porém, é insuficiente. Eron afirma que a compra do terreno em análise exigirá cerca de R$ 40.000,00. A diferença pode vir de uma contrapartida da Prefeitura, ou remanejo dos R$ 40.000,00 que estão programados para serem usados na construção.

O chefe da Vigilância Sanitária não tem nem idéia de quanto seria necessário para a construção. Ainda não há um projeto do CCZ, mas o plano da Administração Municipal é ter gatil, canil e curral. Também não existe um cronograma para elaboração do projeto, nem previsão de início da obra. Eron afirma apenas que, neste ano, deverá ser adquirido o terreno.

Para elaboração da lei que regulamentará o CCZ, Eron está analisando a que existe em Gravataí. Segundo a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Gravataí, a Unidade de Controle de Zoonoses recolhe somente cães de rua. Porém, devido a uma liminar em favor de uma entidade ambiental, não são pegos aqueles que estão saudáveis. Na UCZ, os animais são tratados e, se não houver cura, sacrificados. A média mensal de adoção é de 20 animais. Aqueles que não são retirados por alguma família ficam no local indefinidamente.
Por Lília Maris Nascimento, (Jornal Ibiá, 30/06/2006)

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