Frustrante. Assim pode ser definido o anúncio de investimento da diretoria da Aracruz Celulose em Cachoeira do Sul. O que era para ser uma unidade industrial virou um horto florestal. O gerente de reflorestamento da Aracruz, Renato Rostirolla, disse que a intenção da indústria de celulose é adquirir 150 mil hectares em Cachoeira para o plantio de eucalipto. Só depois que as árvores estiverem no ponto de corte, de seis a sete anos após o plantio, é que a cidade deverá ganhar uma unidade industrial da Aracruz, a de picotamento de madeira. Rio Pardo também ganhará florestas de eucalipto da indústria de celulose, numa área de até 100 mil hectares.
Especulação
A notícia de que a Aracruz está disposta a comprar boa parte das fazendas das localidades de Piquiri e Palmas já começou a atrapalhar o investimento. “Donos de propriedades desses locais estão dobrando o preço do hectare das áreas porque é para a Aracruz, uma indústria conhecida mundialmente”, revelou o corretor de imóveis Alexandre Araújo, que trabalha basicamente com imóveis rurais. Segundo ele, Piquiri e Palmas concentram as melhores áreas para reflorestamento de Cachoeira do Sul, “terra de baixa fertilidade e de pequeno preço”, define ele.
“A Aracruz tem seu preço limite e não vai pagar a mais. A intenção é de comprar até 150 mil hectares em Cachoeira, mas se não tiver essa quantidade disponível com preços compatíveis, poderemos investir também em municípios vizinhos, mas usando a mão-de-obra cachoeirense, conforme foi acertado com o prefeito Marlon Santos”, observa Rostirolla. O corretor Araújo estima que as áreas para reflorestamento à venda em Cachoeira somem apenas cinco mil hectares, pouco mais de 3% da área desejada pela Aracruz no município. “Há 150 mil hectares à venda em Cachoeira, mas a grande maioria é de terra altamente fértil, ideal para lavouras e pastagens, e que custam até cinco vezes mais do que terras para reflorestamento”, comentou Alexandre Araújo.
Projeto
O prefeito Marlon Santos, contudo, está comemorando o projeto de instalação de uma unidade de picotamento de toras de eucalipto em Cachoeira. “Não importa que será um investimento para daqui a seis anos. Se em 2000 alguém tivesse se preocupado com o futuro, hoje a cidade poderia estar recebendo uma grande indústria”, ressaltou o prefeito. No reflorestamento serão gerados inicialmente 200 empregos, com previsão de início das atividades no próximo mês de agosto. Na semana que vem, a diretoria da Aracruz retorna a Cachoeira para fechar negócios. O gerente Rostirolla antecipou que aproximadamente cinco mil hectares foram adquiridos em Cachoeira do Sul.
(Por Patrícia Loss,
Jornal do Povo, 30/06/2006)