Nova fábrica vai quadruplicar produção da Aracruz em Guaíba
2006-06-30
A Aracruz Celulose confirmou oficialmente na manhã de ontem (29/06) sua nova fábrica em Guaíba. O anúncio aconteceu durante reunião no Palácio Piratini, em Porto Alegre, quando representantes da empresa assinaram um protocolo de intenções com o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto. Também participaram do encontro os prefeitos de Guaíba, Manoel Stringhini; de Barra do Ribeiro, Anacleto Miliszewski; de Cachoeira do Sul, Marlon Santos e de Rio Pardo; Joni Lisboa da Rocha, garantindo o cumprimento de acordos que possibilitem a viabilização da nova planta.
Durante a reunião foram anunciadas as futuras melhorias em infra-estrutura do Estado, requisito fundamental para a confirmação dos investimentos. Essas obras são a criação da hidrovia do Jacuí, a construção de uma estrutura portuária específica para exportação de produtos florestais no Porto de Rio Grande, ligação da BR-116 com a BR-290, ligação direta entre Guaíba e Barra do Ribeiro, rótulas na entrada de Guaíba, duplicação da BR-116 e reforço de energia da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) nos 30 municípios envolvidos.
A estrutura portuária será bancada pela empresa, que está negociando uma parceria com a Votorantim Celulose e Papel para financiamento do projeto, segundo o diretor de Operações da Aracruz, Walter Lídio Nunes. Ele acrescenta que a Stora Enso também pode ser contactada. "Esse porto beneficiará todas as empresas, e é possível que entremos em contato para trabalhar juntos nisso”. O secretário estadual de Desenvolvimento e Assuntos Internacionais, Luis Roberto Ponte, ressalta que as obras são importantes porque, além de trazer vantagens para vários setores, são resultado de uma parceria entre governo, prefeituras e a empresa. "São ganhos para todas as atividades econômicas".
O diretor-presidente da Aracruz, Carlos Aguiar, destacou que não foi sorte o Rio Grande do Sul ser escolhido. Condições climáticas, de solo e a quantidade de áreas degradadas foram importantes na tomada de decisão, ao lado das boas relações com o governo do Estado. "Não se investe tanto dinheiro sem confiança, e os números mostram isso". A capacidade da nova fábrica será de 1,3 milhão de toneladas por ano, o que quadruplicará a produção, já que hoje está em torno de 430 mil ao ano. Serão investidos 1,3 bilhão de dólares no projeto, resultando em cerca de 1,2 mil postos de trabalho diretos e 10 mil indiretos. A base florestal terá um incremento de 100 mil hectares plantados e 55 mil de preservação. A previsão é de que entre em operação entre 2010 e 2015.
Preocupação com o ambiente
Rigotto também se mostrou satisfeito com o anúncio e mostrou confiança na Aracruz. Preservação de matas nativas, controle da desertificação e geração de empregos representam, para ele, resultados da importância da silvicultura. "Hoje a tecnologia e o controle de poluição são outros. Espero que aqueles que não compreenderam passem a compreender isso", afirma.
O diretor de Operações, Walter Lídio Nunes, aproveitou a ocasião para defender o plantio de eucaliptos, maior alvo de crítica de movimentos ambientais. Destacou que a silvicultura é uma atividade agrícola como qualquer outra, com ciclo de sete anos, que, se bem feita, gera benefícios. Ele lembrou que a Aracruz está aberta para debates com entidades ambientalistas, porém frisa que não há diálogo com organizações que utilizam o meio ambiente como pano de fundo para outras lutas. "Existem muitas organizações sociais que usam o meio ambiente para lutas sociais ou luta de classes, como a Via Campesina", citou, referindo-se ao episódio de 8 de março, quando integrantes do movimento destruíram o horto florestal da empresa em Barra do Ribeiro. "Estamos abertos ao diálogo sempre, mas não com movimentos retrógrados e que atentam contra a democracia", enfatiza.
Já o prefeito de Guaíba, Manoel Stringhini, acredita que o eucalipto vem sendo "réu" nas discussões ambientais, mas sem motivo. Para ele, o eucalipto "vai bem" e ajudará muito a economia local. "Isso vai ser bom não só para Guaíba, mas para outros 30 municípios envolvidos. É o investimento mais importante da história do município", comemora.
Por Patrícia Benvenuti, 30/06/2006.