Disputa entre Argentina e Uruguai compete ao Mercosul, diz secretário de Relações Internacionais do PT
2006-06-29
A disputa existente entre os Governos de Uruguai e Argentina por causa da construção de duas fábricas de celulose "é um tema que afeta" o Mercosul e o "bloco deve analisá-lo", afirmou hoje Valter Pomar, secretário de Relações Internacionais do PT. O partido "dá muita importância ao processo de integração regional e este conflito pelas fábricas de celulose o está afetando", afirmou Pomar à Efe.
No entanto, a postura do partido "não é necessariamente a do Governo do presidente Lula", admitiu. Os Governos de Montevidéu e Buenos Aires mantêm uma longa disputa pela construção no Uruguai das fábricas de celulose das empresas Botnia (finlandesa) e ENCE (espanhola).
As obras prevêem o maior investimento na história do país, de US$ 1,8 bilhão, e o Governo argentino se opõe à sua construção com o argumento de que o meio ambiente da região será contaminado. O Governo uruguaio quer que o assunto seja analisado pelo Mercosul, mas o Governo Lula entende que se trata de um conflito bilateral e que o acordo deve ser alcançado entre os dois envolvidos.
Uma delegação do PT, integrada pelo candidato ao Governo do estado do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, e outros membros do partido, finalizou ontem (28/06) uma visita de dois dias a Montevidéu que teve como objetivo aumentar as relações entre o partido e a coalizão de esquerda Frente Ampla (FA), governante no Uruguai.
"Analisamos com autoridades da Frente Ampla as relações entre os dois partidos e deles com seus respectivos Governos", afirmou Pomar. "Concordamos que devemos trabalhar mais para que a FA e o PT sejam representantes das necessidades populares e com elas alimentar os seus Governos", acrescentou.
Pomar afirmou que os Governos estão preocupados "em solucionar os problemas dos povos a curto prazo", mas que os partidos devem ter uma visão "mais de futuro e olhar a mais longo prazo". A delegação brasileira manteve reuniões com o presidente da FA e ministro da Educação e Cultura, Jorge Brovetto, e com líderes dos principais setores da coalizão governista.
Além disso, houve "reuniões de cortesia" com a vice-ministra de Relações Exteriores, Belela Herrera, e com o secretário da Presidência uruguaia, Gonzalo Fernández. Durante a estadia em Montevidéu, a delegação do PT analisou também as possibilidades sobre a reeleição de Lula nas eleições deste ano. "A reeleição seguramente será definida no segundo turno, que será muito difícil, mas temos muito otimismo na vitória final", concluiu Pomar.
(EFE, 28/06/2006)
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