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2006-06-28
A Organização Mundial da Saúde avalia que 23% das mortes prematuras e 24% das doenças devem-se a fatores ambientais. Entre crianças de zero a 14 anos, o percentual de mortes sobe para 36%. Diarréias, infecções respiratórias, doenças ocupacionais e malária são os principais distúrbios de saúde associados a alterações ambientais.

Noventa e quatro por cento das diarréias têm origem na falta de saneamento básico. A relação entre água contaminada e doenças infecciosas foi estabelecida pelo médico inglês John Snow durante uma epidemia de cólera em Londres em 1855. Desde então, a engenharia sanitária tem desenvolvido técnicas de purificação que eliminam a presença de microorganismos patogênicos da água. Contudo, a distribuição de água potável e coleta de esgotos ainda é um desafio para países do Terceiro Mundo, onde os investimentos em saneamento são inferiores às necessidades.

A contaminação do ar é responsável por 42% dos casos de doenças respiratórias em países em desenvolvimento. Estima-se que 2,5 bilhões de habitantes dependem da queima de lenha ou carvão no interior de residências para aquecimento e cozimento de alimentos, ficando expostos a ar contaminado por fuligem e outros produtos da combustão. Em ambientes urbanos, as emissões de monóxido de carbono, hidrocarbonetos e fuligem por veículos automotores contribuem para a poluição do ar e aquisição de doenças respiratórias e alergias diversas.

Em 1700, o epidemiologista italiano Bernardino Ramazzini publicou seu pioneiro livro A Doença dos Trabalhadores, descrevendo as doenças respiratórias de trabalhadores em ocupações sujeitas a exposição à sílica e a outras poeiras. A revolução industrial e o domínio da técnica de síntese química introduziram milhares de novos compostos e aumentaram a exposição dos trabalhadores a contaminantes nos ambientes de trabalho.

A OMS atribui a alterações ambientais 42% dos casos de malária, doença transmitida pelo mosquito Anopheles. Essas alterações incluem práticas inadequadas de uso do solo, como projetos agrícolas insustentáveis e derrubadas de florestas. Além da malária, a destruição de habitats por atividades humanas causa desequilíbrios nos ecossistemas que podem favorecer o crescimento descontrolado de espécies responsáveis por transmissão de doenças infecciosas.

Outros riscos à saúde humana decorrem das mudanças climáticas advindas do aquecimento da Terra e da redução da camada estratosférica de ozônio. O avanço no conhecimento científico trouxe benefícios à humanidade, entre os quais o controle de doenças que aterrorizam nossos antepassados. Contudo, novos riscos à saúde foram introduzidos. O controle das doenças causadas por modificações ambientais é um dos grandes desafios da humanidade no século 21.
Por Antônio D. Benetti, professor de engenharia ambiental do IPH - UFRGS
( Zero Hora, 28/06/2006)

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