Itá e Barra Grande estão no leilão de energia
2006-06-28
As usinas hidrelétricas Itá e Barra Grande foram pré-qualificadas a
participar do leilão de energia que será realizado nesta quinta-feira
(29/06). O leilão, que será feito via internet, inicia às 10h e vai
estabelecer contratos de compra e venda de energia com o início da
entrega a partir de 1 de janeiro de 2009.
A hidrelétrica Itá, que é operada pela empresa Tractebel Energia, fica
localizada entre Aratiba (RS) e Itá (SC), no Rio Uruguai. A potência do
complexo é de 1450 MW, sendo 752 MW instalados no Rio Grande do Sul. Já
Barra Grande, empreendimento da Baesa, fica no Rio Pelotas, entre Pinhal
da Serra (RS) e Anita Garibaldi (SC), e registra uma potência de 690 MW.
No total, 115 empresas e empreendimentos constam na relação de
participantes do leilão, realizada pela Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel), como vendedores e compradores de energia. Itá e Barra
Grande disputarão o evento de amanhã como usinas "botox". São consideradas
usinas botox complexos que entraram em operação depois de 1 de janeiro de
2000 e que ainda não tinham contrato de venda de eletricidade até a
publicação da Lei 10.848 que implantou o novo modelo do setor elétrico.
Embora já existente, a energia dessas usinas será comercializada com preço
de geração nova, ou seja, com um valor mais elevado.
Se existem boas possibilidades das hidrelétricas localizadas na divisa
entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina venderem energia no leilão,
outro empreendimento gaúcho encontra dificuldades para ser efetivado. A
termelétrica a carvão da CTSul, que será implantada em Cachoeira do Sul,
pode não participar deste leilão de energia. O presidente da CTSul,
Douglas Carstens, relata que outras informações só poderão ser dadas após
o leilão. "Mas ainda estamos lutando para participar", adianta Carstens.
Apesar do esforço do dirigente, a CTSul não consta na relação de
empreendimentos pré-qualificados a participar da disputa divulgada pela
Aneel.
O projeto da CTSul prevê um investimento de cerca de US$ 850 milhões. A
termelétrica terá uma capacidade total de geração de 650 MW (cerca de 18%
da demanda média do Rio Grande do Sul). O maior problema para a empresa
seria relativo ao preço da comercialização de energia. O preço inicial
de negociação para os empreendimentos hidrelétricos será de R$ 125,00 por
MWh. Já o preço inicial de negociação para as usinas termelétricas será
de R$ 140,00 por MWh - valor este que corresponderá ao Custo Marginal de
Referência (CMR), ou seja, o valor da usina mais cara a ser negociada.
Como o leilão baseia-se no menor lance (deságio), ambos os preços
equivalem aos valores máximos para cada fonte.
Três Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) gaúchas estão presentes na
relação de complexos pré-qualificados da Aneel. Criúva e Palanquinho,
localizadas no rio Lajeado Grande, e Quebrada Funda, no rio das Antas.
PCHs são hidrelétricas de baixo impacto ambiental que podem gerar de 1 MW
a 30 MW.
É crítica a situação dos reservatórios do Sul
Apesar do início das chuvas no Sul do país, a situação dos reservatórios das hidrelétricas da região ainda é crítica e levou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a suspender a geração na usina de Barra Grande, no Rio Pelotas, divisa entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. O presidente do ONS, Hermes Chipp, disse que o nível dos reservatórios do Sul aumentou em relação à semana passada, mas que o abastecimento da região continua sendo feito em esquema de urgência. "A Usina de Barra Grande está com um nível de armazenamento de água muito baixo, em torno de 4%, e só pode gerar nos dias em que há alguma água", disse.
(Jornal do Comércio, 28/06/2006)
http://jcrs.uol.com.br/noticias.aspx?pCodigoNoticia=1423&pCodigoArea=33