Meio ambiente pode acabar com a pobreza na África, diz ONU
2006-06-28
A pobreza na África acabaria se os recursos naturais do continente fossem administrados de maneira efetiva e sustentável, segundo uma declaração divulgada nesta terça-feira (27/06) pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
"Desde reservas de água fresca a bosques e minerais, o continente só está utilizando uma fração do potencial econômico de seus recursos naturais", afirma a segunda edição do informe Perspectivas do Meio Ambiente na África, que tem como subtítulo Nosso Meio Ambiente, Nossa Riqueza.
O novo diretor-executivo da organização, Achim Steiner, admitiu, em sua primeira coletiva de imprensa, que "o meio ambiente sempre foi um ativo invisível, e existem poucos dados econômicos disponíveis", mas afirmou que há exemplos suficientes que mostram "o potencial gigantesco da África".
Charles Sebukeera, da Divisão de Alerta e Avaliação Antecipada do Pnuma, que apresentou o informe, acrescentou que o rio Congo tem potencial para gerar 40 mil megawatts de eletricidade, "o que serviria para iluminar todo o continente e ainda sobraria algo para exportação".
Contudo, o informe do Pnuma diz que assuntos como o rápido ritmo do desflorestamento ou a degradação do solo supõem desafios que devem ser abordados com urgência. "Este informe contradiz a versão de que a África é pobre: na realidade tem uma riqueza natural que poderia ser a base de um renascimento do continente, se utilizada de forma sensata e sustentável", disse Steiner.
"Mas se as políticas não mudarem, a África tomará o caminho menos sustentável e a erosão de sua riqueza natural a empurrará ainda mais para a pobreza", apontou. "O desenvolvimento da África deve se basear na premissa de uma melhor administração e não em ver os recursos naturais como fontes ilimitadas", acrescentou.
Segundo Steiner, o cuidado com o meio ambiente não deve supor um grande custo, podendo, ao contrário, contribuir para poupar gastos derivados de não ter as condições ambientais sob controle, e deu como exemplo os milhões perdidos em inundações na Europa, devido à má administração das bacias fluviais.
Nascido no Brasil, mas de nacionalidade alemã, Steiner, de 45 anos e antigo diretor da União Mundial para a Conservação (IUCN, na sigla em inglês) tomou posse como novo diretor executivo em 15 de junho, substituindo Klaus Toepfer, de 67 anos, que terminou seu segundo mandato à frente da agência em março.
(EFE, 27/06/2006)
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