Novos naturalistas são vaidosos, cientes da importância do sabor e
invadem o mercado premium. Os chamados "naturebas", que só se alimentavam
de arroz integral, tomavam chás variados, ingeriam proteína de soja em
substituição à carne - lembram deles? Pois é. A versão século 21 desse
comportamento, não só ganha cada vez mais adeptos, como chega ao mercado
premium - agora sob o nome moderno de "bioatitude". A versão
contemporânea é mais integrada. Na movelaria, por exemplo, preza o melhor
design, executado, claro, com madeira certificada de áreas reflorestadas.
Os chás podem muito bem ser substituídos por sucos orgânicos, que prometem
nutrir, desintoxicar e antioxidar, mas que agradam, igualmente, ao paladar
e aos olhos. Também cultuam mais os exercícios físicos - em São Paulo foi
aberta a primeira academia "ecológica" do Brasil, a Ecofit, construída com
materiais reciclados e madeiras certificadas e que conta com aquecimento
solar, aproveitamento da água da chuva para a limpeza de suas instalações
e tratamento das piscinas com ozônio, além de plantas em profusão e
restaurante com comidinhas saudáveis.
A versão desse início de milênio assume mais a vaidade, identificando-se
desde com marcas de cosméticos "blockbuster" como a Natura, que reafirma
seu compromisso com o meio ambiente criando uma linha com embalagens de
serragem de madeira certificada, a outras como a recém-lançada Amazônia
Viva, a primeira nacional do segmento premium a usar ativos botânicos da
Amazônia.
Esta última veio a cabo pelas mãos da empresária Maria Cristina Du Plessis
Gomes Fernandes. Maria Cristina é a importadora no Brasil dos cosméticos
da francesa Sisley, uma das mais luxuosas (e caras) do planeta. No
trabalho brasileiro, produtos com ativos amazônicos 100% renováveis como
cupuaçu, buriti e castanha-do-pará ganham o caminho das perfumarias de
prestígio.
Já o Clube Chocolate, empreendimento da área de moda, comportamento e
gastronomia, estende seus negócios para abrir no Shopping Iguatemi, em
São Paulo, seu Bar Orgânico. "Desenvolvemos nossos produtos naturais e
orgânicos, com o apoio de fornecedores certificados, baseados em rigorosas
especificações", explica seu sócio-diretor Ricardo Zaroni, que gosta de
usar a expressão "bioatitude".
Zaroni conta que o conceito do bar de sucos orgânicos baseia-se nos
princípios da biodinâmica e segue a tendência da chamada cozinha de
bem-estar, em que os alimentos orgânicos desempenham importantes funções
de nutrição, desintoxicação e antioxidação do organismo. "Desenvolvemos
nossos produtos com o apoio de fornecedores certificados, baseados em
rigorosas especificações".
Trata-se de um misto de cafeteria, bar e pequeno restaurante com um
minicardápio que entra para a história como o primeiro estabelecimento
deste tipo a ter certificação do IBD (Associação de Certificação Instituto
Biodinâmico), além de ter contado com apoio do Ital (Instituto de
Tecnologia de Alimentos). O Bar Orgânico repete a receita do próprio Clube
Chocolate. "Todo nosso negócio sempre foi voltado para inovar e lançar
conceitos, baseados nas tendências mundiais de moda, estilo de vida,
comportamento e gastronomia. Nós vendemos um estado de espírito", entende
Zaroni.
(Por Regina Neves e Fabiana Gitsio,
Gazeta Mercantil, 27/06/2006)