A multinacional sueco-finlandesa Stora Enso afirma que não está pensando em abandonar suas operações no Rio Grande do Sul. Os rumores sobre uma possível transferência para o Uruguai, onde a empresa também mantém investimentos, ganharam corpo com as dificuldades que estaria tendo em regularizar suas terras na Região Oeste do Estado.
O seu diretor florestal para a América Latina, João Borges explica que, ao contrário do divulgado pela imprensa gaúcha, a Constituição de 1988 não proíbe empresas de capital estrangeiro de adquirir terras em faixa de fronteira e sim, “restringe algumas atividades que poderiam causar ameaça à segurança nacional, como fabricação de armas ou artefatos nucleares, por exemplo”.
A espera da empresa, no entanto, promete ser longa. A previsão (otimista) é de pelo menos 90 dias até o Conselho de Defesa Nacional, em Brasília, se pronunciar. Antes disso deve passar por Ibama e Funai. Os executivos ainda aguardam liberação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Isso sem contar com a novela do zoneamento ambiental do Estado, que regulamentará a silvicultura no Rio Grande, especialmente na região do Pampa. A primeira fase do zoneamento foi concluída pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental em novembro do ano passado e mapeou os biomas existentes. Em janeiro deste ano, passou a detalhar as características sócioambientais de cada um deles.
Borges explica que a regularização das terras será feita passo a passo. “Primeiro encaminhamos o pedido (de liberação) do primeiro lote. Só depois de liberado, encaminharemos o segundo e possivelmente, um terceiro lote”, explica.
O primeiro lote, ao qual se refere, ocupa 34 propriedades nos municípios de Cacequi, Rosário do Sul e Alegrete, entre outras localidades próximas, totalizando cerca de 20 mil hectares. “Portanto, a notícia que estaríamos pensando em abandonar as operações no Rio Grande do Sul não procedem de maneira alguma”, afirma Borges.
Por Carlos Matsubara, 27/06/2006
Matéria relacionada:
Fábrica da Stora Enso pode atrasar