Seca compromete plantio de arroz na Campanha
2006-06-27
A chuva registrada na Campanha e na Fronteira-Oeste no final de semana
passado não foi suficiente para melhorar as perspectivas para o próximo
plantio de arroz. Com barragens e rios muito abaixo da média ideal, a
situação começa a ficar preocupante, segundo técnicos do Instituto
Rio-grandense do Arroz (Irga).
O caso mais crítico é da região da Campanha. A ocupação das barragens em
Dom Pedrito é de apenas 5% da capacidade e a precipitação de 30mm ficou
longe de amenizar o problema. O engenheiro agrônomo do instituto, Eloy
Cordero, explica que para encher as barragens da região seriam necessários
1300mm de precipitações entre janeiro e outubro. Mas até agora choveu apenas
460mm, volume 30% inferior ao do mesmo período do ano passado. "Dificilmente
vai chover 850mm nesses quatro meses", relata Cordero.
Na média, o nível da água nas barragens da região está entre 5% e 7%, quando
deveria ser de 50% nessa época do ano. Como na Campanha a água das barragens
responde a 80% da irrigação das lavouras de arroz, a escassez de água deve
provocar uma redução na área plantada na região na safra 2006/2007.
Em Uruguaiana, de acordo com os dados da Estação Experimental da Fundação
Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), choveu 40mm entre sábado
(24/06) e domingo (25/06). Segundo Gustavo Hernandes, agrônomo do Irga, os
reservatórios estão começando a acumular água. Mesmo com as poucas chuvas,
a preocupaçõ da região de Bagé não se repete na Fronteira Oeste.
A engenheira agrônoma do Irga Sintia Brojan explica que a utilização de
água dos rios nas lavouras de arroz na região deve compensar a falta de
chuvas. "Os mananciais estão abaixo da capacidade, mas a área plantada não
deve ser comprometida", calcula. Na região, a expectativa é de que as
chuvas da primavera possam completar as barragens, que estão com nível
médio de 35%.
Na análise de Paulo Etchichry, meteorologista da Somar Meteorologia, a
situação é igual a do ano passado. De acordo com ele, a pouca precipitação
é efeito do fenômeno La Niña, que atingiu o Estado em 2005. A boa notícia
é que o La Niña está enfraquecendo. "Daqui para frente, as frentes frias
serão mais freqüentes, com mais precipitações", frisa Etchichry.
(Jornal do Comércio, 27/06/2006)
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