Aproximadamente R$ 1 bilhão de reais foi rio abaixo, na última semana,
com o esvaziamento do reservatório da usina hidrelétrica de Campos Novos,
sem que tivesse gerado um megawatt de energia. Localizada entre os
municípios de Celso Ramos (SC) e Pinhal da Serra (RS), esta é uma das
maiores barragens do mundo com um muro de mais de 200 metros de altura.
De acordo com a Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais,
o recurso para o empreendimento é proveniente de bancos públicos: R$ 619,8
milhões é empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) e R$ 300 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID). “Empréstimos como este continuam sendo destinados para este tipo
de empreendimento que ocasionam imensos impactos socioambientais, sem de
fato contribuir para o desenvolvimento local das comunidades que vivem
no entorno de grandes represas. Os riscos de acidentes são mais um
elemento para questionar a viabilidade econômica destas obras”, enfatiza
uma das coordenadoras da Rede Brasil, Elisangela Soldatelli Paim.
A barragem começou a apresentar problemas em outubro do ano passado, mas
somente agora o fato tornou-se público devido ao esvaziamento total do
reservatório. No entanto, em maio, o Movimento dos Atingidos por Barragens
e a Rede Brasil, preocupados com esta situação, encaminharam uma carta
ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA),
ao Ministério de Minas e Energia (MME), ao BID e ao BNDES – sendo estes
dois últimos os financiadores da obra - solicitando informações do
possível problema na barragem, sendo que, até a presente data, nenhuma
das instituições se manifestou.
O Núcleo Amigos da Terra/Brasil, que acompanha os financiamentos e as
obras hídricas na bacia do rio Uruguai, realizou vôo na região de Campos
Novos, neste sábado (24), para registrar imagens do esvaziamento e as
rachaduras no empreendimento.
A vice-presidente do NAT/Brasil Kathia Vasconcellos Monteiro registrou
imagens inéditas dos impactos ambientais de uma barragem, “foi possível
ver a mata Atlântica que foi afogada com a construção da barragem e que
agora está descoberta com o esvaziamento”, afirma. As fotos ainda mostram
a extensão da fissura, “uma rachadura desta extensão revela os erros na
construção do empreendimento e justifica a apreensão que a população da
região sofre vivendo sob os riscos e os impactos das barragens no rio
Uruguai”, enfatiza.
(Informações do site do NAT/Brasil –
www.natbrasil.org.br,
26/06/2006)