EUA precisam liderar luta contra aquecimento global, diz cientista
2006-06-27
Os Estados Unidos - o país mais rico e mais poluente do mundo - têm a obrigação moral de assumir a liderança no combate ao catastrófico aquecimento global ao invés de ficar negando a existência do fenômeno, afirmou um importante cientista na segunda-feira (26/06). Em um pronunciamento feito diante de políticos e cientistas estrangeiros da área ambiental, John Houghton, ex-membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, disse ser necessário adotar ações urgentes sobre a questão. "Apenas se o governo norte-americano deixar de negar o fenômeno e se aceitar a existência dele, o mundo poderá ser salvo", disse. "Se os norte-americanos continuarem a se omitir, então teremos um grande problema - eles precisam fazer algo".
O governo do presidente dos EUA, George W. Bush, recusou-se a ratificar o Protocolo de Kyoto, que prevê cortes na emissão do gás carbônico, um dos gases do efeito estufa produzido pela queima de combustíveis fósseis. Os cientistas prevêem que a média das temperaturas globais deve aumentar em ao menos 2 graus Celsius neste século, alimentando enchentes, secas e a elevação do nível dos oceanos em virtude do derretimento das calotas polares. "Independente do que façamos, as coisas vão piorar a partir de agora. Então, precisamos agir com urgência", afirmou Houghton.
"Ao invés de as secas durarem alguns meses, elas vão durar alguns anos. E os efeitos serão devastadores nos países mais pobres", acrescentou. Segundo Houghton, os países desenvolvidos tinham de assumir a liderança no combate ao aquecimento porque, se não fizerem isso, o mundo em desenvolvimento -- em especial as economias em franca expansão, como a chinesa -- vão se omitir. "O mundo em desenvolvimento seguirá o mundo desenvolvido", afirmou.
A China inaugura, em média, uma usina de força alimentada por carvão por semana, a fim de alimentar sua expansão econômica. Mas Hougnton e Halldor Thorgeirsson, da Estrutura das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, mostraram-se otimistas. "As mudanças climáticas são um problema sanável. Dispomos da tecnologia necessária para lidar com isso", disse Thorgeirsson, acrescentando que, se não fosse pelo Protocolo de Kyoto, as emissões de gás carbônico seriam hoje 30 por cento maiores.
O cientista afirmou ter confiança de que haverá um novo tratado quando Kyoto expirar, em 2012, e que esse tratado será mais amplo que o atual. "Não teremos todas as respostas até 2012, mas precisamos encontrar uma forma de, até lá, avançar", disse. "Temos uma janela de 20 a 30 anos para encontrar uma solução".
(Por Jeremy Lovell, Reuters, 26/06/2006)
http://br.news.yahoo.com/060626/5/166jo.html