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2006-06-26
Dezenas de fábricas que transformam o milho no substituto da gasolina, o etanol, estão brotando em todo os Estados Unidos, onde quer que o grão amarelo possa crescer e ser transportado. Um dia considerado o sonho verde para o meio ambiente, o etanol caiu na tendência predominante: gigantes agrícolas estão passando a controlar um grande e novo mercado, levantado preocupações sobre os preços dos alimentos e o uso da terra.

Até mesmo na pequena cidade de Hereford, duas empresas se apressam para construir usinas que transformem milho em combustível. As empresas, A White Energy e a Panda Energy, são estimuladas por uma série de fatores: generosos subsídios do governo, uma possível combinação de políticas do Estado e agrícolas e o prospecto de geração de mais de 100% de lucros em menos de dois anos.

Como resultado, Hereford se tornou um dos mais potentes lugares dentro da mina de etanol que ajuda a transformar a base econômica rural dos Estados Unidos. Boa parte da área central norte-americana está em meio a uma explosão da alquimia moderna de transformar milho em combustível. Pelo menos 39 novas usinas de etanol devem ser finalizadas no próximo ano, projetos que farão os Estados Unidos superarem o Brasil como o maior produtor de etanol do mundo.

As novas usinas irão produzir 1,4 bilhão de galões ao ano, um aumento de 30% sobre a atual produção de 4,6%, de acordo com Dan Basse, presidente do AgResources, empresa de previsões econômicas. Até 2008, prevêem os analistas, a produtividade do etanol poderá chegar a 8 bilhões de galões ao ano. Mas este fenômeno está criando um certo nervosismo inesperado em importantes pontos rurais. Alguns economistas agrícolas e diretores da indústria alimentícia temem que o etanol, em seu atual ritmo de desenvolvimento, possa deformar os fornecimentos de alimentos, elevar os custos para a indústria de animais e forçar o uso de terras marginais na busca de cada vez mais acres para a plantação de milho.

Muitos especialistas em energia também questionam as vantagens do etanol para o fornecimento de combustível ao país. Apesar de renovável, um combustível domesticamente produzido que reduz a poluição gerada pela gasolina, grandes quantidades de petróleo ou de gás natural são usadas para a transformação do grão em etanol, deixando dúvidas sobre sua contribuição para a redução do uso de combustíveis fósseis. No entanto, enquanto um dos mais quentes investimentos atuais, poucos dentro da área rural querem ouvir qualquer queixa sobre os riscos associados ao etanol.
(Por Alexei Barrionuevo, The New York Times, 25/06/2006)
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